Vendas no varejo da China aceleram conforme Pequim recorre a consumidores para aliviar a pressão comercial dos EUA
Por Kevin Yao e Ellen Zhang
PEQUIM (Reuters) - O crescimento das vendas no varejo da China acelerou em janeiro-fevereiro, em um sinal positivo para os esforços das autoridades de impulsionar o consumo interno, mesmo com o aumento do desemprego e a diminuição da produção das fábricas, ressaltando as tensões em uma economia que enfrenta novas pressões comerciais dos Estados Unidos.
As autoridades colocaram a expansão da demanda doméstica como a principal prioridade deste ano, enquanto tentam amortecer o impacto das tarifas do governo Trump sobre suas exportações.
Dados divulgados pelo Escritório Nacional de Estatísticas nesta segunda-feira mostraram que as vendas no varejo, um indicador do consumo, aumentaram 4,0% no período de janeiro a fevereiro, contra alta de 3,7% em dezembro e marcando a taxa mais rápida desde novembro de 2024. Analistas esperavam alta de 4,0%.
O consumo das famílias nos dois primeiros meses foi impulsionado pelos gastos com os oito dias do feriado do Ano Novo Lunar.
Os principais líderes da China mantiveram uma meta de crescimento econômico de "cerca de 5%" para 2025, mas analistas dizem que isso pode ser uma tarefa difícil dada a pressão sobre as exportações, a demanda doméstica morna e uma prolongada crise imobiliária.
Os dados seguiram-se a indicadores de exportação e inflação mais fracos do que o esperado neste mês, destacando a necessidade de mais suporte para promover uma recuperação econômica sustentável.
"O risco para a economia é o dano causado pelo aumento das tarifas dos EUA sobre as exportações da China, que provavelmente aparecerá nos dados comerciais nos próximos meses", disse Zhiwei Zhang, economista-chefe da Pinpoint Asset Management.
"Acho que Pequim manterá sua postura atual. Não há urgência em afrouxar a política monetária cortando o compulsório ou a taxa de juros neste momento", disse ele, acrescentando que as autoridades podem optar por esperar alguns meses antes de cortar os juros dadas as incertezas comerciais.
Na reunião anual do Parlamento deste mês, os líderes chineses prometeram apoio fiscal e monetário mais forte para a economia, com ênfase especial no estímulo ao consumo interno.
Entre outras medidas, eles alinharam 300 bilhões de iuanes (US$41,5 bilhões) para um esquema de troca de bens de consumo recentemente ampliado para veículos elétricos, eletrodomésticos e outros bens.
Com as fábricas fechando temporariamente durante os feriados do Ano Novo Lunar, a produção industrial da China cresceu 5,9% nos dois primeiros meses do ano em relação ao ano anterior , desacelerando em relação à expansão de 6,2% em dezembro. Entretanto, ficou acima das expectativas de um aumento de 5,3%.
A China publica os dados dos dois meses em uma divulgação combinada para suavizar o impacto dos feriados do Ano Novo Lunar, que caem em um dos dois meses.
O investimento em ativos fixos, que inclui investimentos em propriedades e infraestrutura, cresceu 4,1% no período de janeiro a fevereiro em relação ao ano anterior, em comparação com as expectativas de um aumento de 3,6%. Ele cresceu 3,2% em 2024.
(Reportagem adicional de Yukun Zhang e Ryan Woo)