OCDE prevê queda no crescimento do PIB brasileiro em 2025
Em um cenário de incerteza geopolítica e de tensões comerciais, o crescimento mundial deverá ser menor em 2025. É o que aponta um relatório publicado nesta segunda-feira (17) pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), com sede em Paris. De acordo com o documento, o aumento de tarifas aduaneiras de Donald Trump nas importações para os Estados Unidos irá provavelmente desacelerar a taxa de crescimento da economia americana. Porém, a agressividade das políticas comerciais decididas pelo governo Trump afetará especialmente os vizinhos México e Canadá, além de sustentar a inflação. A OCDE também alerta para a queda do crescimento do PIB brasileiro.
A economia do Brasil deve crescer menos nos próximos anos. Segundo a OCDE, o Produto Interno Bruto (PIB) do país, que terminou 2024 na casa dos 3,4%, alcançará 2,1% em 2025 e apenas 1,4% em 2026.
A organização também traz dados sobre a inflação brasileira. De acordo com o relatório, o índice permanecerá relativamente alto no país, atingindo 5,4% neste ano e 5,3% em 2026.
No caso de um choque comercial generalizado, os americanos pagarão um preço alto e a provável desaceleração da economia terá um custo superior ao que será arrecadado com as sobretaxas alfandegárias, afirma a OCDE em suas últimas projeções econômicas.
Num cenário em que, a partir de abril, os Estados Unidos aplicariam 25% de sobretaxas a todos os produtos importados, o crescimento norte-americano cairia ligeiramente para 2,2% este ano e 1,6% em 2026, contra projeções anteriores de 2,4% e 2,1%, respectivamente, alerta a OCDE.
Segundo a mesma fonte, o crescimento global de 3,2% alcançado em 2024 deverá desacelerar para 3,1% em 2025 e 3% em 2026, em comparação com uma previsão anterior formulada em dezembro, que anunciava um crescimento de 3,3% para este ano e o próximo.
"Estamos navegando em águas turbulentas", declarou Álvaro Santos Pereira, economista-chefe da OCDE, contextualizando a situação da economia mundial.
Embora os mercados emergentes devam permanecer mais resilientes, o relatório aponta variações importantes entre países. Assim, os 5% de crescimento da China em 2024 recuariam apenas 0,2 e 0,6%, respectivamente, nos próximos dois anos.
Para o Japão, outro grande parceiro comercial dos Estados Unidos, a OCDE também projeta uma queda na previsão de crescimento para 2025, a 1,1% (-0,4 ponto).
Europa deve sofrer menos
Não foram consideradas as ameaças de tarifas recíprocas mencionadas por Trump nem as que podem afetar a União Europeia. Apesar disso, a OCDE reviu para baixo as previsões de crescimento da zona do euro, que passariam para 1,0% contra 1,3% previstos para 2025; e 1,2%, contra 1,5% anunciados anteriormente, em 2026.
"As economias europeias sofrerão menos efeitos econômicos diretos das medidas alfandegárias incluídas nas projeções da OCDE, mas o aumento da incerteza geopolítica e política deve, ainda assim, frear o crescimento", explica a organização.
Das principais economias europeias, apenas a Espanha registrará um crescimento sustentável, com uma previsão de avanço de 2,6% em 2025.
(Com AFP)