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Multidões exigem justiça para 59 mortos em incêndio em boate na Macedônia do Norte

17/03/2025 14h40

Por Fatos Bytyci

KOCANI, MACEDÔNIA DO NORTE (Reuters) - Episódios de violência foram registrados na Macedônia do Norte nesta segunda-feira, quando milhares de pessoas exigiram justiça para as 59 pessoas mortas em um incêndio em uma boate e pediram o fim da corrupção que, segundo elas, está por trás do pior desastre do país em anos.

O incêndio começou durante um show de hip hop na cidade de Kocani na madrugada de domingo, quando faíscas de sinalizadores incendiaram um pedaço do teto. Centenas de pessoas correram para a única saída do local, que não tinha licença, enquanto as chamas se espalhavam pelo telhado.

O incidente abalou a cidade de 25.000 pessoas, a 80 km a leste da capital Skopje. Tratores e trabalhadores com pás cavaram uma fileira de sepulturas novas no cemitério da cidade nesta segunda-feira. Pessoas com entes queridos desaparecidos fizeram fila do lado de fora do hospital para dar amostras de DNA, caso seus parentes não fossem imediatamente identificados.

Autoridades disseram que a licença da boate "Pulse" foi obtida ilegalmente e que o local não tinha extintores de incêndio e saídas de emergência. Mais de 150 pessoas ficaram feridas.

"Quero que todos que ajudaram este lugar a continuar com seus negócios sejam presos", disse Jovan, de 16 anos, que relatou ter perdido um amigo no incêndio. "Precisamos de mudança porque este é um país corrupto."

Jovan se juntou a milhares de outras pessoas em um protesto silencioso na praça central de Kocani nesta segunda-feira. As pessoas se abraçaram e choraram enquanto se alinhavam para acender velas pelos mortos e escrever mensagens de condolências.

Algumas seguravam cartazes que diziam: "Não estamos morrendo por acidentes; estamos morrendo por corrupção" e "Tudo é legal aqui se você tiver conexões". Centenas de outras pessoas fizeram vigília no centro de Skopje.

A violência eclodiu brevemente quando um grupo de pessoas usou pedras para quebrar as janelas de um pub que, segundo três manifestantes, era administrado pela mesma pessoa que era proprietária do "Pulse".

Mais tarde, centenas de pessoas se dirigiram à casa do prefeito, atirando pedras e quebrando janelas. Na porta ao lado, uma família que havia perdido um parente no incêndio observava em lágrimas.

SEM SAÍDA

O clube, que a mídia local descreveu como um antigo depósito de carpetes, é um prédio atarracado com um telhado de ferro ondulado que dá para um terreno baldio gramado. Ele tinha apenas uma saída de emergência, que estava trancada durante o show de domingo, dois extintores de incêndio e nenhum alarme de incêndio ou sistema de sprinklers, disse o promotor estadual da Macedônia do Norte, Ljupco Kocevski.

"Não havia duas portas de saída, mas apenas uma única porta de metal improvisada na parte de trás do prédio, que estava trancada e sem maçaneta por dentro", disse Kocevski.

O teto era feito de materiais inflamáveis e as paredes de gesso não eram resistentes ao fogo. Fotos da Reuters mostraram o teto do clube queimado e desabado em alguns lugares, com suas vigas de madeira internas expostas e enegrecidas.

"(A boate) operava em condições abaixo do padrão. Não tem isso e aquilo, e as pessoas estavam ganhando dinheiro com isso. Quem é o responsável?", disse Sasa Djenic, uma professora cuja filha de 15 anos escapou do incêndio com queimaduras nos braços.

O filho de Draghi Stojanov morreu no incêndio. "Depois dessa tragédia, para que preciso dessa vida? Eu tinha um filho e o perdi", disse ele à Reuters.

LICENÇA ILEGAL

As autoridades prenderam cerca de 20 pessoas em conexão com o incêndio, incluindo autoridades do governo e o gerente da boate.

O promotor público Kocevski disse que seu gabinete estava trabalhando para determinar a responsabilidade de várias pessoas por "crimes graves contra a segurança pública", entre outros crimes.

"Os indivíduos agiram de forma contrária aos regulamentos e regras técnicas das medidas de proteção e, assim, causaram um perigo à vida e ao trabalho das pessoas em grande escala", afirmou.

O primeiro-ministro Hristijan Mickoski afirmou que a licença do clube foi emitida ilegalmente pelo Ministério da Economia e que os responsáveis enfrentariam a Justiça. O ex-ministro da economia Kreshnik Bekteshi foi interrogado pela polícia sobre o desastre, disse a emissora local TV 5.

Cinquenta e uma pessoas foram tratadas em hospitais na Bulgária, na Grécia, na Sérvia e na Turquia. Especialistas em queimaduras da Sérvia, da República Tcheca e de Israel eram esperados na Macedônia do Norte nesta segunda-feira, para auxiliar a equipe médica local. Mais pessoas seriam levadas para hospitais na Croácia e na Romênia, disseram autoridades.

(Reportagem adicional de Aleksandar Vasovic em Belgrado; texto de Edward McAllister)

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