Carta de Trump tem conteúdo similar a suas declarações sobre Irã, diz porta-voz da diplomacia iraniana
A carta enviada ao Irã pelo presidente americano Donald Trump sobre um acordo nuclear tem um conteúdo "parecido" com as declarações que ele costuma fazer sobre Teerã, disse Esmail Baghai, porta-voz da diplomacia iraniana, nesta segunda-feira (17). O país diz que por hora não revelará o conteúdo da carta em detalhes, porque ainda não decidiu qual será a resposta.
Donald Trump retirou os Estados Unidos do acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano em 2018, em seu primeiro mandato. Agora, o presidente americano diz que está aberto ao diálogo com Teerã para regular suas atividades nucleares e escreveu uma carta aos líderes iranianos sugerindo a retomada do diálogo.
Trump também intensificou a chamada política de "pressão máxima" contra o Irã. O presidente americano ameaçou adotar sanções adicionais contra o país e sugeriu que uma ação militar não estava descartada se o regime se recusasse a negociar a questão.
"O conteúdo da carta não está muito distante das declarações públicas de Trump, disse o porta-voz diplomático iraniano Esmail Baghai em uma coletiva de imprensa semanal. "Não pretendemos publicar seu conteúdo neste momento", acrescentou.
Segundo ele, o Irã continua avaliando de que maneira vai responder. A carta de Trump foi entregue por um diplomata dos Emirados Árabes Unidos, Anwar Gargash, anunciou o regime iraniano na última quarta-feira.
O Irã e os Estados Unidos cortaram as relações diplomáticas em 1980 e não se comunicam sem intermediários.
Em 2015, o Irã chegou a um acordo com os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (China, Rússia, Estados Unidos, França e Reino Unido) e a Alemanha sobre a regulação de suas atividades nucleares e o enriquecimento de urânio nas diferentes centrais do país.
O texto propôs uma diminuição das sanções em troca do abandono de enriquecimento de urânio, usado para fabricar armas nucleares. Os países ocidentais suspeitam há décadas que Teerã deseja adquirir armas atômicas, mas o Irã rejeita as acusações e afirma que seu programa visa apenas fins civis.
Encontro com representante da AIEA
O Irã estava respeitando seus compromissos, de acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Mas em 2018, Donald Trump retirou os EUA do acordo de forma unilateral e restabeleceu as sanções dos EUA.
A decisão foi motivada em particular pela falta de medidas contra o programa balístico do Irã, que os EUA consideram como uma ameaça.
O vice-ministro das Relações Exteriores do Irã, Kazem Gharibabadi, nesta segunda-feira (17) para Viena, onde se encontrará com o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi. Gharibabadi participou de negociações nucleares com representantes russos e chineses em Pequim na sexta-feira.
(Com informações da AFP)