Supostos membros de gangues venezuelanas deportados pelos EUA chegam a El Salvador
Por Ted Hesson
WASHINGTON - Mais de 200 supostos membros de uma gangue venezuelana foram deportados pelos EUA e enviados a El Salvador, onde foram levados para uma prisão de alta segurança, disse o presidente salvadorenho neste domingo.
O presidente dos EUA, Donald Trump, invocou na sexta-feira a Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798 para deportar rapidamente supostos membros do Tren de Aragua, uma organização criminosa que tem sido associada a sequestros, extorsões, crime organizado e assassinatos por encomenda.
Um dia depois, um juiz federal em Washington, DC, bloqueou a aplicação da lei por 14 dias, dizendo que o estatuto se refere especificamente a "atos hostis" perpetrados por outro país que são "compatíveis com a guerra".
O presidente salvadorenho, Nayib Bukele, disse em uma publicação na rede social X que 238 supostos membros da gangue venezuelana chegaram ao país e foram transferidos para o Centro de Confinamento do Terrorismo -- uma megaprisão que pode abrigar até 40.000 detentos -- por um período de um ano, que pode ser renovado.
Os momentos em que os voos que transportavam os supostos membros de gangues partiram dos EUA e chegaram a El Salvador ainda não estão claros, mas uma publicação de Bukele no X sugeriu que a operação estava em andamento antes da ordem do juiz dos EUA.
"Oopsie...tarde demais", postou Bukele em resposta à ordem.
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse em uma postagem no X que mais de 250 supostos membros do Tren de Aragua foram enviados para El Salvador.
O Departamento de Segurança Interna dos EUA, o Departamento de Estado e o governo salvadorenho não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.
O governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro disse que rejeita o uso da "anacrônica" lei dos EUA para deportar supostos membros de gangues, dizendo que ela viola os direitos dos migrantes.
Tanto Bukele quanto Rubio disseram que os EUA também enviaram 23 membros da gangue salvadorenha MS-13 para El Salvador.
A Associated Press informou no sábado que os EUA concordaram em pagar a El Salvador US$6 milhões para prender 300 supostos membros do Tren de Aragua por um ano.
A Lei de Inimigos Estrangeiros -- mais conhecida por seu uso para justificar campos de concentração para pessoas de ascendência japonesa, alemã e italiana durante a Segunda Guerra Mundial -- permitiria que o governo Trump contornasse os tribunais de imigração dos EUA e removesse rapidamente os migrantes.
O governo Trump entrou com um recurso contra a decisão legal de sábado no Tribunal de Apelações dos EUA para o Distrito de Columbia.
(Reportagem de Ted Hesson e David Ljunggren)