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Como os marketplaces ajudam na independência financeira das mulheres?

Giselle Ondeza - Arquivo Pessoal
Giselle Ondeza Imagem: Arquivo Pessoal
do UOL

Renan Honorato

Colaboração para o UOL, de São Paulo

16/03/2025 05h30

Em um mundo conectado por tecnologias e plataformas de conteúdo, a oportunidade de empreender em um marketplace se tornou praticamente inegociável. Na pesquisa Marketplace Shopping Behavior Report 2025, feita pela ChannelEngine em parceria com a Sapio Research, 63% dos entrevistados afirmaram que preferem comprar em plataformas como eBay e Amazon, em vez de em sites oficiais de marcas.

O que está acontecendo

A empreendedora Giselle Ondeza, 36, percebeu essa preferência das clientes e buscou as grandes plataformas. Nos primeiros meses como empresária, ela concentrava suas vendas nas redes sociais, principalmente no Instagram, e até investiu em um site próprio para suas coleções de roupas e acessórios. "Eu resolvi fechar esse canal porque eu via muita insegurança nas pessoas, mesmo sendo um site oficial", diz.

Alcance dos marketplaces é maior. Além da percepção de segurança, Giselle destaca que o sistema de fretes em marketplaces acaba sendo mais vantajoso para o cliente fora da região Sudeste, por exemplo. Entre as justificativas destacadas na pesquisa estão a variedade de produtos, melhores ofertas e a facilidade de comparar preços.

A clientela preferia comprar pela Shopee ao invés de comprar pelo site oficial. Após passar por vários desafios profissionais e emocionais no trabalho que exercia como especialista em marketing, Giselle resolveu investir em um hobby que já carregava consigo desde a infância. Em 2020, a moradora do conjunto Santa Maria, na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, criou a Usebasha. "Eu encontrei no marketplace uma forma de ganhar dinheiro e alcançar pessoas", comenta.

Atualmente, 80% das vendas são online e 70% delas são feitas via marketplace. Do Carnaval de 2024 para 2025, as vendas cresceram 50%, das quais a maioria foi feita via marketplace e uma parte passou a ser exposta pela ONG Brota no Vidigal, um coworking coletivo que expõe trabalhos de artistas associados para turistas e trabalha na capacitação profissional da juventude. Atualmente, Giselle vende as peças apenas na Shopee e no Instagram.

Carnaval era uma tradição de família. Na infância, enquanto os pais trabalhavam, Giselle costumava ficar com a avó que trabalhava fazendo fantasias e acessórios para as escolas de samba do Rio de Janeiro. "Para me entreter, o pessoal do barracão me dava alguns materiais. Como se fosse uma brincadeira de criança, eu comecei a fazer acessórios, ajudava a pegar o material", conta Giselle.

Cuidado com o meio ambiente. Durante os dias de Carnaval, Giselle e sua equipe trabalham na coleta de material, como lantejoulas e plumas, enquanto a produção de itens para a data acontece entre novembro e dezembro. No manifesto da Usebasha, a consciência ambiental é um dos três pilares da empresa, ao lado do fortalecimento da comunidade e a valorização da cultura do carnaval.

As coleções da Usebasha não são restritas ao Carnaval. Segundo Giselle, a demanda para reaproveitar os itens das escolas de samba em novas coleções ainda era inexplorado pela comunidade carnavalesca. Por isso, além das coleções para a folia, Giselle também desenha e produz artigos com outras temáticas. "Só de falar para a pessoa que ela está usando um produto sustentável que veio do Carnaval carioca já agrega muito valor a peça. Eu consigo fazer esse trabalho em cima daquilo que seria descartado nos lixões", diz.

Empoderamento coletivo

A empresa tem dez colaboradores, dentre ele, a mãe de Giselle, Edimar. Segundo a fundadora da Usebasha, na medida em que mais pedidos iam chegando, foi preciso trabalhar para capacitar pessoas que pudessem recolher e higienizar os materiais que eram coletados após os desfiles das escolas de samba.

A Usebasha se associou à ONG Viver Para Sempre. Com isso, Giselle passou a mobilizar mais de 50 mulheres na confecção das roupas e acessórios nos períodos de alta temporada. Ao mesmo tempo, as doações recebidas pela ONG também encontram espaço na marca de Giselle, em que a moda circular também é um pilar da empresa. Os valores das peças são revertidos em doações para entidade.

Senso de comunidade é uma prioridade. Para Giselle, é importante fomentar não apenas o empreendedorismo, mas a capacitação da comunidade onde mora. "A gente enfrenta uma dificuldade muito grande na hora de despachar esse material. Eu comecei a incentivar os comerciantes locais a virarem pontos de coleta da Shopee, e isso se tornou um grande ecossistema que passou a favorecer outros comércios locais", conta.

Um recorte de gênero

Empreendedorismo - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Talita Melani
Imagem: Arquivo Pessoal

Na Shopee, mais de 50% das lojistas são mulheres. Uma pesquisa encomendada ela empresa apontou que 30% dessas empreendedoras começou a digitalizar os negócios pela plataforma. Esse foi caso de Talita Melani, 42, que durante a pandemia precisou pausar seu trabalho como condutora de transporte escolar e abriu a Balloon Kids como uma alternativa financeira.

A Balloon Kids é uma loja de roupas infantis que movimenta cerca de 40 mil pedidos mensalmente. Entre 2023 e 2024, a empresa cresceu 160%. De fato, mais de 50% do faturamento da empresa tem origem nas vendas online na Shopee. Porém a Balloon também opera no Mercado Livre. Primeiro estocando os conjuntos de roupas em casa, em 2024, a empresa foi obrigada a se mudar para um galpão e já conta com 17 colaboradores.

Quais são as vantagens de vender no marketplace?

Além de segurança e credibilidade, os marketplaces fornecem ferramenta que podem melhorar as vendas. Em 2024, a Shopee fechou uma parceria com o Sebrae para oferecer cursos e workshops para os empreendedores criarem seus negócios no mercado digital. Através do Centro de Educação do Vendedor Shopee, a empresa já capacitou mais de 500 mil empreendedores, como Giselle e Talita.

Para Talita, um dos diferenciais que os marketplaces apresentam é possibilidade de responder as dúvidas dos consumidores de forma mais eficiente. Na Shopee, por exemplo, ela faz lives no aplicativo para interagir ao vivo com suas clientes. "Eu sempre fui uma pessoa muito tímida, nunca gostei de aparecer, então foi como quebrar um paradigma. Por mais que a gente deixe um anúncio supercompleto, no 'ao vivo' a gente pega a peça, mostra de perto e as mamães tiram suas dúvidas na hora. Essa é mais uma forma de estarmos perto do nosso cliente, porque como loja online, elas não podem ir ver a peça", diz.

Uma disputa pela atenção e preferência. Em um mapeamento feito pelo Sebrae, foi possível identificar 157 marketplaces em 18 segmentos de mercado. Para se diferenciar algumas plataformas apostam na gameficação da experiência de compra a partir de jogos dentro do aplicativo. Como conta Giselle, sua mãe viveu na pele a febre dos cupons e das moedinhas dentro do app. "Quando a Shopee entrou na vida da minha mãe, ela ficou enlouquecida, queria comprar tudo por lá", diz.

A partir de recompensas, os marketplaces conseguem concentrar por mais tempo a atenção os usuários. Quanto mais tempo na plataforma, maior a chance de realizar uma compra. Na já citada pesquisa feita pela ChannelEngine em parceria com a Sapio Research sobre o comportamento dos consumidores online, 56% disseram fazer compras não planejadas em marketplaces de forma esporádica.

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