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Medidas para elevar despesas militares a 3% do PIB não são consenso entre países da UE

15/03/2025 08h58

As revistas francesas desta semana destacam os esforços da França e da Europa para investir em sua defesa contra a Rússia, após a retirada do apoio americano à Ucrânia. Elevar as despesas militares a 3% do PIB em cada Estado europeu pressupõe um esforço considerável e não consensual.

De acordo com os cálculos da revista L'Express, para que a medida seja colocada em prática seriam necessários investimentos de cerca de € 300 bilhões suplementares até 2027. Atualmente, somente a Polônia, a Letônia, a Estônia e a Grécia ultrapassam esta quantia, considerada como mínima pelo secretário-geral da Otan, Mark Rutte.

Mas onde encontrar esse dinheiro? Países com déficit em alta, como a França, terão que fazer escolhas, diz L'Express. O presidente francês, Emmanuel Macron, prometeu à população que não aumentará os impostos. Nesse caso, seria necessário cortar gastos, causando temores de que o dinheiro do rearmamento seja retirado da saúde, educação e de outros serviços públicos.

Outra possibilidade seria usar as ajudas europeias. O bloco adotou em 6 de março,  durante uma cúpula extraordinária, um orçamento de € 800 bilhões para sua segurança.

As promessas são grandes, "mas a realidade do dinheiro é bem menos clara", diz a revista. Quase metade do montante é totalmente hipotético e baseado em um cálculo teórico do crédito que a UE poderia conseguir em caso de relaxamento de suas regras orçamentárias. Outra possibilidade para conseguir este valor seria incentivar o setor financeiro a apoiar e investir nos esforços militares europeus.

Inventário

A revista Le Point faz o inventário das Forças Armadas europeias, se baseando no relatório "Make European Defense Great" da Agência Europeia de Inovação de Ruptura (Jedi, sigla em inglês) publicado nesta quinta-feira (13). "Diante dos russos e sem os americanos, quais são os pontos fortes e as fraquezas dos Exércitos europeus?", questiona a publicação.

O documento do Jedi ressalta os pontos mais importantes deste "canteiro de obras", entre eles, reabastecer os estoques de munição - prioridade absoluta - equipar os soldados com armamento produzido na Europa e aumentar o número de caças, tanques, mas também e principalmente de drones. 

Além de tanques, aviões e navios, a revista destaca a importância de investir em informação, vigilância e inteligência - setores sensíveis e bastante vulneráveis na Europa - e também em cibersegurança. Os serviços secretos europeus devem aumentar suas capacidades para continuar apoiando Kiev, afirma Le Point.

Futuro incerto

A revista Nouvel Obs traz uma reportagem sobre a linha de trem que liga Varsóvia, na Polônia, a Kiev, na Ucrânia: única via de ligação com o exterior do país em guerra, cujos aeroportos estão todos fechados.

A publicação lembra que o ex-presidente americano Joe Biden chegou até a Ucrânia através deste trajeto, em uma viagem de trem secreta, em fevereiro de 2023.

"Os americanos estão ao seu lado e o mundo também", disse Biden a Zelensky na ocasião. "Foi há dois anos. Uma eternidade", diz a revista. "O futuro da Ucrânia nunca esteve tão incerto", conclui a Nouvel Obs.

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