Macron afirma que não cabe à Rússia dizer se Ucrânia aceita ou não ajuda internacional em seu território
Em uma entrevista publicada neste sábado (15) em vários jornais regionais da França, o presidente Emmanuel Macron disse que não cabe à Rússia "aceitar ou não aceitar" o envio de "forças aliadas" para a Ucrânia em caso de um pedido de Kiev para garantir um possível acordo de paz. O chefe de Estado também frisou que a França não pretende intervir nas negociações entre Washington em Moscou, mas incitou a Europa e os Estados Unidos a manterem a pressão sobre a Rússia.
Macron lembrou que vários países europeus e não europeus se mostraram dispostos a participar de um possível envio de tropas à Ucrânia para garantir um futuro acordo de paz com a Rússia. Segundo ele, isso envolveria "alguns milhares" de militares de cada país, posicionados "em pontos estratégicos, para realizar programas de treinamento" e "para mostrar nosso apoio a longo prazo".
Desde o início da guerra entre Moscou e Kiev o presidente russo Vladimir Putin se opõe a qualquer tipo de envio de ajuda militar internacional ao inimigo. No entanto, como ressaltou Macron, "se a Ucrânia pedir que forças aliadas estejam em seu território, não cabe à Rússia aceitar ou não".
O presidente francês denunciou o que classificou como uma "falta de sinceridade" da Rússia com um "verdadeiro trabalho de paz". O representante de Paris disse ainda que "os ucranianos não podem, em nenhuma circunstância, fazer concessões territoriais sem ter nenhuma garantia de segurança".
Mais pressão sobre a Rússia
Macron, que participou neste sábado por meio de videoconferência de uma reunião de cúpula organizada pelo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, insistiu, no final desse encontro, que Moscou deve responder à proposta de cessar-fogo de um mês feita por Washington e Kiev. No entanto, o que se tem visto é o contrário, já que o presidente russo, está "intensificando os combates" e "quer obter tudo, para depois negociar", acusou Macron.
"Se quisermos paz, precisamos de uma resposta clara da Rússia e de uma pressão clara, em conjunto com os Estados Unidos, para obter esse cessar-fogo", concluiu o presidente francês.
Negociações paralelas
A comunidade internacional se organiza em várias reuniões para discutir a situação. Na segunda-feira (17), Macron recebe o novo primeiro-ministro canadense, Mark Carney, para um almoço de trabalho em Paris, no qual a guerra na Ucrânia será o tema principal.
No dia seguinte, o presidente francês vai a Berlim, onde se reunirá com Olaf Scholz, atual chanceler alemão, e também poderá se encontrar com Friedrich Merz, que se prepara para se tornar o novo chefe do governo do país. Macron deve discutir sobre a ampliação do escudo nuclear francês para proteger outros países europeus, entre eles a Alemanha.
(Com AFP)