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Premiê do Japão pede desculpas por dar presentes a parlamentares, obscurece perspectivas de aprovação do Orçamento

14/03/2025 08h40

Por Leika Kihara

TÓQUIO (Reuters) - O primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, pediu desculpas nesta sexta-feira por ter dado vales-presente a alguns parlamentares do partido governista, uma medida que pode prejudicar os índices de aprovação já baixos de seu governo e arriscar atrasar a aprovação do Orçamento do próximo ano fiscal.

A incerteza política pode lançar dúvidas sobre a liderança de Ishiba antes de uma eleição para a câmara alta, marcada para julho, e ocorre em um momento em que a economia japonesa enfrenta ventos contrários devido à escalada da guerra comercial travada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

"A volatilidade do mercado está aumentando devido à incerteza sobre as políticas econômicas dos EUA e da Europa. Mas agora, os participantes do mercado podem precisar olhar com mais cuidado para os desdobramentos políticos domésticos", disse Yusuke Matsumoto, economista sênior de mercado da Mizuho Securities.

Em discurso no Parlamento, Ishiba disse que usou "dinheiro de bolso" para distribuir vales-presente a 15 parlamentares do Partido Liberal Democrático (PLD) antes de jantar com eles em 3 de março, como uma "demonstração de apreço" por seu trabalho árduo para serem eleitos.

A mídia nacional informou na quinta-feira que Ishiba entregou vales-presente no valor de 100.000 ienes (US$673) cada um aos legisladores. Quando os repórteres perguntaram mais tarde na quinta-feira se ele poderia renunciar, Ishiba disse apenas, de acordo com o jornal Nikkei, que os presentes não violavam nenhuma lei.

"Minha ação causou desconfiança e raiva entre muitas pessoas, pelo que peço desculpas profundamente", disse Ishiba ao Parlamento nesta sexta-feira, em resposta a uma pergunta de um legislador do partido governista.

Embora Ishiba tenha afirmado que a ação não era ilegal, pois se tratava de um presente pessoal sem intenções políticas, ela atraiu críticas até mesmo de dentro do parceiro de coalizão do PLD e pedidos de alguns partidos de oposição para que ele renunciasse.

A questão do presente aumenta os desafios da coalizão minoritária de Ishiba, que foi forçada a fazer raras emendas ao plano orçamentário do governo para o ano fiscal que começa em abril, para apaziguar os partidos de oposição e garantir sua aprovação no Parlamento até o prazo final de 31 de março.

A não aprovação do Orçamento anual a tempo poderia forçar o governo a compilar um Orçamento provisório, o que causaria um golpe na posição política de Ishiba e prejudicaria a economia ao atrasar os planos de gastos, segundo alguns analistas.

O Japão realizará uma eleição por volta de julho para a câmara alta, onde a pequena maioria da coalizão governista também poderá estar em risco se Ishiba não conseguir recuperar a confiança do público, abalada por questões políticas anteriores sobre doações não registradas a legisladores.

Uma pesquisa realizada pela emissora pública NHK na semana passada mostrou que o índice de aprovação do governo de Ishiba ficou em 36%, abaixo dos 44% registrados em fevereiro.

A economia do Japão teve uma expansão anualizada de 2,8% no último trimestre do ano passado, devido a despesas comerciais e consumo robustos. Mas os analistas consultados pela Reuters esperam que o crescimento desacelere para apenas 0,4%, já que o aumento do custo de vida e a desaceleração da demanda global pesam sobre o consumo e as exportações.

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