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Para imprensa russa, Moscou exigiria retomada de Kursk para efetivar cessar-fogo na Ucrânia

14/03/2025 07h12

Após a reunião entre o enviado dos Estados Unidos para o Oriente Médio, Steve Witkoff, e o presidente russo Vladimir Putin, nesta quinta-feira (14), poucas informações vazaram sobre as negociações. Depois do encontro, Putin disse ser favorável ao cessar-fogo de 30 dias na Ucrânia "se questões importantes fossem resolvidas". O Kremlin anunciou nesta manhã que está "cautelosamente otimista" e que o emissário americano entregará a Trump a proposta de Putin de trégua na Ucrânia.

Anissa El Jabri, correspondente da RFI em Moscou

Os jornais russos publicaram informações contraditórias sobre a reunião nesta sexta-feira (14). Alguns afirmam que Witkoff ainda está no país, mas outros veículos garantem ele já foi embora. 

A imprensa russa também destaca uma notícia divulgada pela rede americana CBS. O governo Trump estaria se preparando para impor sanções adicionais à Rússia, nos setores de energia e bancário. Esta informação está na primeira página do Moskvoski Komsomolets, um dos jornais mais lidos do país.

As reportagens publicadas nesta sexta pela mídia russa também trazem análises sobre divisões ocidentais e a tensão com os europeus. A manchete do Komsomlskaya Pravda, por exemplo, pode ser traduzida como o "Rei Macron e Madame Von der Leyen".

"Os políticos europeus entraram em um jogo perigoso com a Ucrânia", diz o jornal pró-governo, elencando os pontos positivos e negativos, e elogiando o primeiro-ministro conservador húngaro Viktor Orban.

Segundo a imprensa russa, o encontro de Witkoff e Putin envolve a negociação da retomada de Kursk pela Rússia. Para Putin, frisam os jornais, a trégua dificilmente seria obtida sem a retirada total das tropas ucranianas da região.

Encontro com Trump?

O presidente russo, Vladimir Putin declarou estar disposto a negociar o cessar-fogo temporário diretamente com Donald Trump. Em uma entrevista coletiva, o presidente russo disse ser "favorável" ao projeto de cessar-fogo apresentado pelos EUA, mas que tinha "ressalvas".

"Como garantir que essa situação não se reproduza? Como se organizará o controle? São assuntos importantes", questionou. 

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, considerou as declarações de Putin "manipuladoras". Já Trump afirmou que o presidente russo "fez uma declaração promissora, mas "incompleta" e garantiu que "adoraria" se reunir ou falar com ele.

O dirigente russo e seu assessor diplomático, Yuri Ushakov, temem que a Ucrânia aproveite a pausa temporária nos combates para recrutar mais soldados e receber novas armas ocidentais.

"Estamos de acordo com as propostas de cessar-fogo, mas desde que essa trégua leve a uma paz duradoura e aborde as causas profundas dessa crise", declarou Putin.

Conversa com Arábia Saudita

Putin, conversou sobre o tema por telefone com o príncipe herdeiro saudita, Mohamed bin Salman, nesta sexta-feira (14). A informação foi divulgada pelo Kremlin e o Ministério das Relações Exteriores da Arábia Saudita, que expressou apoio a "todas as iniciativas".

O presidente russo "agradeceu os esforços de mediação da Arábia Saudita", que também organizou negociações entre Rússia e Estados Unidos em meados de fevereiro, indicou o Kremlin.

"Mohamed bin Salman destacou a importância de solucionar a crise ucraniana e se declarou disposto a continuar contribuindo para a normalização das relações Rússia-EUA", disse uma fonte ligada aos sauditas. Os dois líderes também mencionaram a importância da cooperação bilateral para "a estabilidade do mercado mundial de petróleo", acrescentou o Kremlin.

Imprensa francesa destaca hesitação de Putin

Os jornais mais importantes da França destacam, nesta sexta-feira, as declarações do presidente russo Vladimir Putin em relação ao cessar-fogo na Ucrânia, após mais de três anos de conflito. 

Para o jornal Le Figaro, a resposta do presidente russo que "apoia o princípio" de uma trégua, desde que muitos dos detalhes sejam resolvidos, foi vista por Washington, como "muito promissora", mas "não completa".

"Ninguém realmente esperava que o chefe do Kremlin aprovasse o fim dos combates neste momento, com uma posição forte no front, sem impor condições que seriam difíceis de cumprir". 

Em uma análise similar, o Le Parisien afirma que o presidente russo adotou uma postura ambígua em relação à proposta americana, o que seria uma forma de ganhar tempo para reforçar suas exigências. 

Putin fez questão de condicionar os 'próximos passos' em direção a uma trégua ao progresso feito na região de Kursk, onde a Rússia tem conquistado território. 

O Le Monde lembra que a aproximação entre os Estados Unidos e a Rússia causa "grande preocupação entre os membros europeus da Otan".  

Segundo o editorial do Libération, a presença da Otan seria a "causas da crise" que Putin apontou ser necessária "atacar" em qualquer negociação.

Com informações da AFP

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