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Caracas volta a receber voos de migrantes venezuelanos deportados dos Estados Unidos

14/03/2025 13h12

Os voos de deportação de migrantes venezuelanos dos Estados Unidos serão retomados no sábado (15), após serem suspensos pelo governo venezuelano. Após anunciar que não receberia mais migrantes, o governo venezuelano mudou finalmente de ideia, e informou na quinta-feira (13) sobre retorno dos voos de repatriação estabelecidos pelo governo americano.

Alice Campaignolle, correspondente da RFI em Caracas

A notícia foi tornada pública na quinta-feira (13) na rede social X pelo assessor especial de Donald Trump, Richard Grenell. O diplomata disse estar "satisfeito" com a decisão de Caracas.

O presidente da Assembleia Nacional venezuelana, Jorge Rodríguez, confirmou a informação, no mesmo dia, um pouco mais tarde.

Grenell visitou Caracas no final de janeiro, onde se encontrou com o presidente venezuelano, Nicolas Maduro, com quem concordou em retomar os voos de deportação. Ele também conseguiu a libertação de seis americanos presos no país.

Durante o encontro, o presidente venezuelano propôs a Donald Trump "uma agenda zero" para retomar as relações entre os dois países. Isso permitiu a repatriação de 100 venezuelanos, em fevereiro.

Mas após a decisão de Washington de rescindir a licença de exploração de petróleo da Venezuela, um duro golpe para o país que vive sob sanções americanas há vários anos, Caracas reagiu recusando o retorno de seus cidadãos em situação irregular nos EUA.

600 mil venezuelanos em situação irregular

Para o líder da oposição, Jesus Torrealba, a exploração de seus cidadãos pelo governo é escandalosa. "Discordo do fato de essas pessoas não terem acesso ao status que lhes corresponde segundo a ONU, o status de refugiado. Mas, bom, uma vez deportados, ainda é melhor que eles retornem ao seu país. Estamos testemunhando o uso descarado de migrantes venezuelanos", lamenta.

Até agora, pouco mais de 600 venezuelanos, dos 600 mil em situação irregular, foram devolvidos ao seu país de origem desde fevereiro. A recusa de Caracas em aceitar seus migrantes tem sido uma forma de exercer pressão.

Caracas rompeu relações diplomáticas com Washington em janeiro de 2019 depois que os Estados Unidos, então liderados por Trump, reconheceram o líder da oposição Juan Guaidó como presidente interino e endureceram as sanções econômicas.

Após a curta lua de mel que se seguiu à sua posse de Trump, o líder republicano anunciou o retorno, a partir de 3 de abril de 2025, das sanções aliviadas por Joe Biden, acusando Maduro de não repatriar migrantes suficientes e de ter sido reeleito fraudulentamente para um terceiro mandato em julho de 2024.

A crise econômica e política na Venezuela causou o êxodo de mais de 7,7 milhões de habitantes.

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