Presidente do BC do Japão diz estar otimista com consumo, mas alerta para balanço patrimonial
Por Leika Kihara
TÓQUIO (Reuters) - O presidente do Banco do Japão, Kazuo Ueda, apresentou uma visão otimista sobre o consumo e reafirmou a determinação da instituição de reduzir seu balanço patrimonial "grande demais", em um sinal de que o banco central continua no caminho certo para retirar o estímulo monetário da economia.
Os comentários sugerem que o Banco do Japão está mantendo sua projeção de uma recuperação econômica moderada, mesmo com a política tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sacudindo os mercados financeiros e fomentando uma guerra comercial que pode prejudicar as exportações japonesas.
Os salários reais e o consumo têm enfrentado dificuldades desde a aceleração da inflação em 2022, uma vez que o ritmo dos ganhos salariais não conseguiu acompanhar o aumento constante dos custos de vida impulsionados pelas importações, disse Ueda ao Parlamento.
"De agora em diante, provavelmente veremos uma inflação moderada impulsionada pelos custos de importação. Os salários, por outro lado, continuam crescendo de forma constante", disse ele. "Dessa forma, esperamos que os salários reais e o consumo melhorem no futuro", acrescentou Ueda.
O Banco do Japão deve manter a taxa de juros inalterada na reunião da próxima semana, embora a diretoria possa discutir um aumento dos juros já em maio, de olho na inflação doméstica e na volatilidade do mercado induzida pela incerteza da política comercial dos EUA, disseram fontes à Reuters.
O consumo tem sido um ponto fraco na economia japonesa, uma vez que o aumento dos custos de alimentos e combustíveis acelera a inflação, mantendo o crescimento dos salários reais estagnado e minando o poder de compra das famílias.
As autoridades do Banco do Japão esperam que os ganhos salariais se ampliem e sustentem o consumo, permitindo que o banco central continue elevando a taxa de juros do patamar atual de 0,5%.
O banco central japonês elevou a taxa de curto prazo para 0,5% em janeiro, depois de encerrar um programa de estímulo monetário maciço no ano passado, considerando que o Japão estava prestes a atingir sua meta de inflação de 2% de forma duradoura.
O banco central também iniciou um programa de aperto quantitativo de acordo com um plano estabelecido em julho que reduziria pela metade a compra mensal de títulos para 3 trilhões de ienes (US$20 bilhões) até o início de 2026.
"O tamanho da base monetária, do balanço patrimonial e do saldo em conta corrente do Banco do Japão é um pouco grande demais, e é por isso que estamos reduzindo a escala de nossa compra de títulos", disse Ueda, sinalizando que não houve mudança no plano do banco central de continuar a redução gradual.