Hamas libertará seis reféns e entregará quatro corpos a Israel nesta semana
Hamas e Israel anunciaram, nesta terça-feira (18), um acordo para a libertação, no sábado, de seis reféns israelenses mantidos em Gaza e a devolução, dois dias antes, na quinta-feira, dos corpos de quatro sequestrados, entre eles os de duas crianças reféns, segundo o movimento islamista.
A família dos reféns israelenses de origem argentina Shiri Bibas e seus filhos, Ariel e Kfir, de cinco e dois anos, respectivamente, declarou estar chocada com a notícia e afirmou que não recebeu "confirmação oficial" da morte deles.
O movimento islamista palestino anunciou que havia "decidido entregar quatro corpos na quinta-feira, incluindo os da família Bibas", em troca da libertação, no sábado, de prisioneiros palestinos, conforme prevê o acordo de cessar-fogo.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, confirmou a devolução de quatro corpos na quinta-feira, além da libertação com vida de seis reféns no sábado.
O pai dos dois meninos, Yarden Bibas, de 35 anos, foi libertado em 1º de fevereiro. A família foi sequestrada durante o ataque do Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023, mas Yarden foi mantido em cativeiro separadamente.
Kfir, que na época tinha oito meses e meio, foi o mais jovem dos 251 reféns e, junto com seu irmão, se tornou um símbolo para muitos israelenses da situação desesperadora dos sequestrados.
O Hamas havia afirmado anteriormente que Shiri e as crianças morreram em um bombardeio israelense em novembro de 2023, mas Israel não confirmou a informação.
"Até que recebamos uma confirmação definitiva, nossa luta continuará", afirmou a família em nota.
- "Desmilitarização total" -
O frágil cessar-fogo em Gaza entrou em vigor em 19 de janeiro, após mais de 15 meses de combates desencadeados pelo ataque do Hamas a Israel, durante o qual 251 pessoas foram sequestradas.
As negociações em atraso sobre a continuidade da trégua começarão "esta semana", declarou o ministro israelense de Relações Exteriores, Gideon Saar, acrescentando que seu país exige "a desmilitarização total de Gaza" após a guerra.
Além de devolver os quatro corpos na quinta-feira, o chefe negociador do movimento islamista, Jalil al Haya, anunciou que os últimos reféns "com vida" serão libertados no sábado, conforme prevê a primeira fase do acordo de trégua.
O fórum das famílias de reféns divulgou os nomes dos seis israelenses: Eliya Cohen, Tal Shoham, Omer Shem Tov, Omer Wenkert, Hisham al Sayed e Avera Mengistu.
"Embora tenhamos esperanças, mantemos a cautela e rezamos para que Tal retorne são e salvo", declarou a família de Tal Shoham.
No total, 33 reféns devem ser libertados na primeira fase da trégua em troca de 1.900 prisioneiros palestinos.
Desde o início do cessar-fogo, 19 reféns israelenses e 1.134 palestinos foram libertados.
70 pessoas continuam retidas em Gaza após mais de 500 dias de cativeiro, das quais ao menos 35 morreram, segundo o Exército israelense.
- "Saída voluntária" -
A segunda fase da trégua, que deve começar em 2 de março, prevê a libertação de todos os reféns e o fim definitivo da guerra, antes de uma última etapa dedicada à reconstrução do devastado território palestino.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, causou uma onda de indignação internacional ao anunciar seu projeto de tomar o controle da Faixa de Gaza e realocar seus 2,4 milhões de habitantes em países vizinhos.
A Arábia Saudita sediará nesta sexta-feira uma minicúpula árabe para responder a essa proposta, antes de uma reunião extraordinária em 4 de março no Cairo.
O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, anunciou a criação de uma "agência especial" para a "saída voluntária" dos palestinos de Gaza.
O Catar, um dos países mediadores do conflito, declarou nesta terça-feira que o futuro de Gaza é "uma questão palestina".
O ataque do Hamas deixou 1.211 mortos em Israel, em sua maioria civis, segundo um balanço da AFP com base em dados oficiais israelenses, que inclui os reféns mortos.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva implacável em Gaza, que já deixou pelo menos 48.291 mortos, segundo dados do Ministério da Saúde do território palestino governado pelo Hamas, os quais a ONU considera confiáveis.
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