Governo Trump demite fiscais e cientistas em ofensiva para reduzir força de trabalho federal
WASHINGTON - O governo do presidente Donald Trump mirou fiscais tributários, cientistas aeroespaciais e membros de uma agência reguladora do setor bancário ao buscar demitir outros milhares de funcionários federais nesta terça-feira, em ofensiva sem precedentes contra o serviço público dos Estados Unidos.
Com a temporada de declaração de impostos em andamento, autoridades do Serviço de Receita Interna (IRS, na sigla em inglês) identificaram 7.500 funcionários para demissão, e possivelmente mais servidores entrarão na linha de corte, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto.
Controlado pelo bilionário Elon Musk, o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) tem varrido as agências federais e cortando milhares de empregos desde que Donald Trump assumiu a Presidência, no mês passado, e colocou o empresário no comando de uma drástica revisão de gastos do governo.
A Casa Branca não informou quantas pessoas planeja demitir, nem forneceu números sobre as volumosas demissões até o momento. As informações disponíveis atualmente partiram de funcionários de órgãos federais.
A Corporação Federal de Seguro de Depósito (FDIC, na sigla em inglês), agência dos EUA que atua nas garantias de depósitos bancários e supervisiona bancos, disse que demitiu um número desconhecido de recém-contratados, segundo email lido pela Reuters.
Os cortes podem agravar os problemas de força de trabalho em uma agência com 6.000 funcionários, em que mais de um em cada três trabalhadores tem direito à aposentadoria.
Espera-se que cerca de mil novos funcionários, incluindo cientistas de foguetes da Nasa, sejam demitidos nesta terça-feira, de acordo com duas pessoas familiarizadas com os planos da agência espacial dos EUA, com possibilidade de ainda mais cortes.
"As pessoas estão com medo e não estão se manifestando para expressar discordância ou desacordo", disse um funcionário da agência de 18.000 pessoas que falou sob condição de anonimato.
Demissões em grande escala também são esperadas na Agência Federal de Gerenciamento de Emergências, que cuida da resposta a desastres, assim como no Departamento de Segurança Interna, que controla a agência, disseram as fontes.
O governo Trump planeja demitir centenas de funcionários experientes do Departamento de Segurança Interna nesta semana, de acordo com um funcionário do governo e uma segunda fonte familiarizada com o assunto. As demissões em massa, noticiadas primeiramente pela NBC News, vão atingir pessoas consideradas não alinhadas a Trump, disseram.
Entre os trabalhadores afetados estão os responsáveis por analisar assuntos relacionados à Neuralink, empresa de implantes cerebrais de Musk, e funcionários que monitoram um surto de gripe aviária H5N1, que infectou milhões de galinhas e gado neste ano.
A equipe de Musk disse ter economizado US$55 bilhões até o momento, uma fatia relativamente pequena do orçamento federal anual de US$6,7 trilhões. O site do DOGE começou a fornecer mais detalhes sobre contratos governamentais que cancelou após reclamações sobre a transparência do trabalho do órgão.
A iniciativa de redução de custos tem se concentrado principalmente nos funcionários em estágio probatório contratados no ano passado, e que não têm proteção total no emprego.
No IRS, essa condição contempla 7.500 servidores de execução fiscal e compliance, mas não aqueles considerados essenciais para a temporada de declaração de impostos em abril, segundo uma pessoa familiarizada com o assunto. A agência, no entanto, pode ser requisitada a reduzir ainda mais sua força de trabalho de 100.000 pessoas, disse a fonte.
(Reportagem de Nathan Layne, Leah Douglas, Andrea Shalal, Sarah N. Lynch, Joey Roulette, Pete Schroeder, Andy Sullivan, Ted Hesso)