Petróleo sobe a máxima em duas semanas com temores sobre oferta; tarifas dos EUA pressionam ganhos
Por Scott DiSavino
NOVA YORK (Reuters) - Os preços do petróleo subiram a uma máxima em duas semanas nesta terça-feira, apoiados por maiores preocupações com a oferta de petróleo russo e iraniano após sanções, na esteira de tensões cada vez maiores no Oriente Médio, o que compensou temores de inflação e impacto no crescimento global por tarifas comerciais.
Os futuros do Brent subiram US$1,13, ou 1,5%, para US$77,00 por barril, enquanto o petróleo bruto West Texas Intermediate (WTI) dos EUA avançou US$1,00, ou 1,4%, para US$73,32. Ambos os índices de referência subiram pelo terceiro dia, fechando em patamares recordes desde 28 de janeiro.
"Com os Estados Unidos pressionando exportações iranianas e as sanções ainda afetando os fluxos russos, os tipos de petróleo bruto asiáticos permanecem firmes e sustentam a recuperação de ontem", disse o analista de petróleo da PVM, John Evans.
As sanções norte-americanas, visando petroleiros, produtores e seguradoras, afetaram significativamente os embarques de petróleo russo para os principais importadores, China e Índia.
Também apoiaram os preços da commodity as sanções impostas pelos Estados Unidos às redes que transportam petróleo iraniano para a China, depois que o presidente norte-americano, Donald Trump, restabeleceu na semana passada sua "pressão máxima" sobre as exportações de petróleo do Irã.
Além do nervosismo com a oferta, há a possibilidade de novos combates no Oriente Médio, rico em petróleo.
TARIFAS PESAM SOBRE OS PREÇOS
A alta nos preços do petróleo foi compensada pelo temor de que as tarifas mais recentes anunciadas por Trump pudessem prejudicar o crescimento global e a demanda por energia.
Na segunda-feira, Trump aumentou as tarifas sobre as importações de aço e alumínio para os EUA para 25%, "sem exceções ou isenções".
México, Canadá e União Europeia condenaram a decisão de Trump de impor tarifas sobre todas as importações de aço e alumínio no próximo mês, medida que alimentou temores de uma guerra comercial.
"Tarifas e contratarifas têm o potencial de pesar particularmente sobre a parte da economia global que consome muito petróleo, criando incerteza sobre a demanda", afirmou o Morgan Stanley em nota.
O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, disse a parlamentares que o livre comércio ainda faz sentido, embora não seja papel do Fed comentar sobre tarifas ou políticas comerciais, mas sim reagir à forma como elas afetam a economia.
A maior parte dos economistas em uma pesquisa da Reuters acredita que o banco central norte-americano vai esperar até o próximo trimestre antes de voltar a cortar as taxas de juros.
(Por Scott DiSavino, em Nova York, e Ahmad Ghaddar, em Londres; reportagem adicional de Enes Tunagur, em Londres, e Siyi Liu, em Cingapura)