Topo
Notícias

Palestinos encontram ratos e roupas rasgadas em meio às ruínas das casas de Gaza

Palestinos em rua destruída de Tulkarem - Jaafar Ashtiyeh/AFP
Palestinos em rua destruída de Tulkarem Imagem: Jaafar Ashtiyeh/AFP

Mahmoud Issa;

Em Jabalia, Faixa de Gaza

31/01/2025 14h45Atualizada em 31/01/2025 18h42

Ratos e cães que se alimentam em meio às ruínas de seu bairro no norte de Gaza tornam o retorno de Manal Al-Harsh à sua casa, destruída, ainda mais desolador.

Apesar do alívio dos bombardeios israelenses proporcionado pelo cessar-fogo, ela ainda teme pela segurança de sua família. Eles têm dificuldade para dormir à noite.

Até mesmo tentar encontrar as roupas dos filhos em meio aos escombros de sua casa em Jabalia é uma tarefa árdua.

Al-Harsh, de 36 anos, montou uma tenda improvisada com cobertores recuperados para dar abrigo a ela e às crianças.

"Estamos ficando aqui, mas temos medo de ratos e de tudo ao nosso redor. Há cachorros. Não há lugar para nos instalarmos. Temos filhos. É difícil", disse Harsh, enquanto caminhava cautelosamente sobre os escombros.

Ela conta que retornou do sul do enclave palestino quando o cessar-fogo entrou em vigor, mas encontrou sua casa destruída.

Grande parte do restante da Cidade de Gaza também está em ruínas após 15 meses de combates e ondas de ataques aéreos e barragens de artilharia israelenses que a deixaram como uma sombra do movimentado centro urbano que era antes da guerra.

"Estamos praticamente dormindo aqui, mas não dormimos. Temos medo de que alguém venha até nós. Estamos dormindo e com medo", disse ela.

"Quero pegar algumas roupas para as crianças usarem. Viemos sem nada. A vida aqui é cara e não há dinheiro para comprar nada."

Muitos dos que retornaram, por vezes carregados com pertences que mantiveram após meses de deslocamentos à medida que os campos de batalha mudavam, caminharam 20 km ou mais ao longo da rodovia costeira ao norte.

Como muitos palestinos deslocados, Al-Harsh enfrenta incertezas enquanto tenta salvar o que resta. Ela conseguiu pegar algumas roupas dos escombros, mas em um estado lastimável.

"Está tudo rasgado. Nada está bom. Por mais que façamos, por mais que recuperemos, tudo é pedra", disse ela.

"A morte é melhor", disse Al-Harsh, com a voz carregada de desespero.

Notícias

publicidade