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Discurso de despedida: Biden diz que poder do presidente não é ilimitado

Presidente dos EUA, Joe Bidem faz seu discurso de despedida - Mandel NGAN / POOL / AFP
Presidente dos EUA, Joe Bidem faz seu discurso de despedida Imagem: Mandel NGAN / POOL / AFP
do UOL

Do UOL, em São Paulo

15/01/2025 22h38Atualizada em 16/01/2025 04h16

Em seu discurso de despedida do cargo, o presidente norte-americano, Joe Biden, disse que o poder presidencial "não é ilimitado e não é absoluto". Biden será sucedido pelo presidente eleito Donald Trump, que tomará posse no dia 20.

O que aconteceu

Biden se pronunciou no Salão Oval na noite desta quarta-feira (15) com alusões ao presidente eleito. Ele fez alertas contra abusos de poder e o risco de uma concentração de poder "muito perigosa nas mãos de pessoas muito ricas". Trump assumirá o cargo como o primeiro presidente condenado da história dos EUA. O republicano foi sentenciado pelo caso dos pagamentos à atriz pornô Stormy Daniels, mas não cumprirá qualquer tipo de pena. Além disso, o gabinete do novo presidente terá 11 bilionários, com uma fortuna que supera o PIB de 154 países.

Precisamos banir os membros do Congresso que tenham ações criminosas enquanto servem aos seus mandatos. Precisamos garantir que nenhum presidente esteja imune a crimes que cometa enquanto estiver no cargo. O poder do presidente não é ilimitado, não é absoluto e não deveria ser em nenhuma democracia.
Joe Biden

Atual presidente defendeu 'coragem para enfrentar abusos' em vez de se curvar a eles. Para Biden, é necessário levar em conta que a democracia é "baseada na liberdade e igualdade".

Democrata ressaltou a importância de fazer "os bilionários pagarem o que eles devem pagar [de impostos]". "Precisamos estar engajados neste processo. Eu sei que às vezes pode ser frustrante. Ter a mesma chance é o que faz a América. Todo mundo tem direito de ter a mesma chance", afirmou.

Os trabalhadores têm direito de ganhar a parte que lhes cabem. Construímos a maior classe média e o século mais próspero que qualquer nação já teve. As pessoas devem conseguir ganhar tanto quanto conseguem, mas devem obedecer às mesmas regras. Pagar os impostos que devem pagar justamente. Joe Biden, presidente dos EUA

Para Biden, "forças poderosas querem levar adiante as suas decisões sem nenhum tipo de limitação". E acrescentou: "Eles querem que isso sirva aos seus próprios interesses para terem mais lucros". Ele afirmou ainda ser importante atentar para a concentração de tecnologia, poder e riqueza neste momento porque o "potencial de desastre se levanta quando o poder está nas mãos erradas" e isso pode apresentar perigo para os Estados Unidos. Um dos membros da equipe de governo de Trump será o bilionário Elon Musk, dono do Twitter.

"Americanos estão sendo afundados em uma avalanche de desinformações, que faz com que o abuso de poder seja mais frequente e a imprensa livre está desmoronando", falou Biden. Sem citar a Meta, ele afirmou que as redes sociais que estão abrindo mão da checagem de fatos e a verdade sofre nas mãos da mentira, acrescentando que a Inteligência Artificial é, talvez, o fato "mais importante e vital do nosso tempo".

IA traz possibilidade e riscos para a nossa sociedade. Ela tem até o poder de atender o meu apelo de enfrentar o câncer, como eu quero, mas temos que colocar limites. Precisamos garantir que a IA é segura e funciona para toda a humanidade. Os EUA precisam liderar o mundo no desenvolvimento da IA.

Biden também defendeu o respeito às instituições. "Depois de 50 anos acompanhando isso tudo no Senado e aqui [na presidência], eu sei que o ideal da América tem a ver com respeitar as instituições que governam uma sociedade livre, a presidência, o Congresso, as Cortes e a imprensa livre e independente", afirmou. Democrata disse ter orgulho de sua gestão e desejou sorte ao novo governo. Ele destacou ainda que manteve o compromisso de assumir uma transição pacífica de poder.

'Meu governo construiu o cessar-fogo'

Atual presidente afirmou que o seu governo foi o responsável por conseguir o cessar-fogo entre Israel e o Hamas. Biden reforçou que foram oito meses de negociações ininterruptas e os detalhes do acordo firmado nesta quarta-feira (15) foram apresentados por ele em maio do último ano.

Esse plano foi desenvolvido e negociado pela minha equipe e vai ser largamente implementado pelo novo governo. É por isso que eu disse à minha equipe para continuar informando totalmente a nova equipe [de Trump sobre a negociação] porque é assim que deve ser, trabalharmos [em conjunto,] como americanos.

A fala é mais uma alusão a Trump. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, agradeceu não só a Biden, mas também ao presidente eleito, pela cooperação para chegar ao cessar-fogo. Trump disse que o acordo "apenas aconteceu" por causa de sua vitória nas eleições presidenciais. "Conseguimos muito sem sequer estar na Casa Branca", afirmou o republicano nas redes sociais.

Outros feitos do governo

Biden declarou que a democracia se manteve firme em seu mandato. Ele também afirmou que cumpriu o "compromisso de ser presidente de todos os americanos durante um dos períodos mais duros da nação". O democrata citou ainda "milhões" de americanos que conseguiram empregos e planos de saúde nos últimos quatro anos e disse ter protegido as crianças e famílias ao aprovar as "leis mais significativas de controle de armas em mais de 30 anos".

Vocês sabem, vai levar tempo para sentir o impacto total de tudo que fizemos juntos. As sementes foram plantadas e vão crescer e frutificar pelas décadas que estão chegando.

Ele também destacou que a "Ucrânia ainda é livre" e que fortaleceu a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) durante sua gestão. Por fim, o democrata fez diversos agradecimentos e disse ser "eternamente grato ao povo americano".

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