Super-ricos precisam de apenas 10 dias para atingir cota anual de CO2
O 1% de população mais rica do mundo é responsável por grande parte da emissão de CO2 (dióxido de carbono) no mundo, que provoca efeitos climáticos globais, como o calor recorde registrado em 2024. É o que aponta um estudo da Oxfam International, confederação de organizações e parceiros que luta contra desigualdade e pobreza, divulgado nesta sexta-feira (10), e que sugere cobrança de impostos daqueles que têm melhores condições financeiras.
O que aconteceu
Por ano, o planeta tem "orçamento" de 17 gigatoneladas de dióxido de carbono para que as emissões limitem o aumento da temperatura em 1,5ºC. O levantamento é do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente). Número é o equivalente a 17 trilhões de toneladas.
As 77 milhões de pessoas mais ricas do mundo —aquelas que ganham acima de US$ 140 mil por ano, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas)— são responsáveis por 76 toneladas de CO2 emitidos por dia por pessoa. Segundo a organização, demora cerca de 10 dias para que a cota anual seja superada. A parte mais pobre emite 0,7 tonelada por dia por pessoa, e demoraria mais de 1.000 dias para alcançar a mesma quantidade.
Oxfam aponta que os mais ricos investem em indústrias poluentes, e os estilos de vida resultam em grandes emissões de CO2, impulsionando, assim, o aquecimento global. Os 50 bilionários mais ricos do mundo emitem mais carbono em 1,5 hora do que uma pessoa média em toda a vida.
Para limitar o aquecimento global a 1,5°C, o grupo mais rico precisaria reduzir emissões em 97% até 2030. Parcela com mais dinheiro é responsável pela emissão de mais que o dobro de carbono.
Até 2050, as emissões do 1% mais rico podem levar a perdas agrícolas suficientes para alimentar 10 milhões de pessoas anualmente no Leste e Sul da Ásia. Conforme o estudo, até 80% das mortes por calor extremo ocorrerão em países de baixa e média-baixa renda, sendo 40% delas no Sul da Ásia.
Nos últimos 30 anos, os países mais pobres sofreram danos econômicos três vezes maiores do que os valores de financiamento climático prometidos pelos países ricos, ainda segundo a Oxfam. Por isso, a confederação pede criação de impostos e taxas sobre renda e riqueza dos mais ricos, além de aplicar tributações punitivas sobre bens de luxo e regulamentar corporações para cortar emissões.
"Apesar de promessas de US$ 300 bilhões anuais, a dívida climática dos países ricos já chega a US$ 5 trilhões", afirma a organização. Solução para isso seria aumentar o financiamento climático para países do Sul, que sofrem os piores impactos.