'Novos donos do mundo': imprensa critica ‘interferência’ de Trump e Musk
"Donald Trump e Elon Musk, até onde eles vão?", questiona a capa do jornal Le Parisien nesta quinta-feira (9). A publicação destaca que a atual "dupla mais poderosa do mundo" desrespeita as "regras diplomáticas" com a intenção de interferir e provocar, "principalmente em relação à Europa". O jornal Le Monde evidencia o pedido feito à Comissão Europeia pelo chefe da diplomacia francesa, Jean-Noel Barrot, para que protegesse os Estados-membros do bloco "com a maior firmeza" contra a interferência de Trump e Musk no debate público europeu.
Diante de várias polêmicas envolvendo as recentes falas de Donald Trump e Elon Musk sobre anexação de territórios como a Groenlândia e o Canadá, além do recente apoio declarado de Musk aos representantes da extrema direita na Alemanha, Le Parisien classifica a dupla de poderosos como "os novos donos do mundo".
"Enquanto o presidente eleito Donald Trump martela suas ameaças contra países estrangeiros, Elon Musk esfola as democracias europeias diariamente", dramatiza o jornal, que em seu editorial destaca a "ousadia" do "homem mais rico do mundo, com ambições distópicas, a serviço do homem mais poderoso do mundo".
O jornal francês tenta ainda emplacar um termo para os dois, os "Trusks", que mesmo antes da cerimônia de posse em 20 de janeiro, ambos já estariam deixando "aliados e inimigos em frenesi", acrecenta o texto.
Comissão Europeia colocada em alerta
Para o Le Figaro desta quinta, o assunto central é Elon Musk, quem considera um "troll global no Velho Continente". O jornal explica que o "ativismo diplomático do homem mais rico do mundo (...) mostra que ele se tornou um importante ator geopolítico" mesmo sem ocupar nenhum cargo oficial.
O Figaro também destaca a "evolução política de Musk". A edição relembra que o multimilionário foi um ex-apoiador de Barack Obama e que votou em Joe Biden em 2020. Mas agora se tornou um residente quase permanente em Mar-a-Lago, o clube de Trump em Palm Beach, onde se senta à mesa principal e participa de reuniões do presidente eleito com chefes de Estado estrangeiros.
Os receios quanto às declarações da atual dupla mais poderosa do mundo atingem também as relações da França com o bloco europeu, especificamente sobre ameaças às "fronteiras soberanas da UE".
O jornal Le Monde destaca que, na quarta-feira (8), o chefe da diplomacia francesa, Jean-Noël Barrot, chegou a pedir à Comissão Europeia que protegesse os Estados-membros do bloco "com a maior firmeza" contra a interferência no debate público europeu, especialmente pelo chefe da X, Elon Musk.
"Ou a Comissão Europeia aplica com a máxima firmeza as leis que nos foram dadas para proteger nosso espaço público, ou não o faz, e então terá que concordar em devolver aos Estados-Membros da UE a capacidade de fazê-lo", disse Barrot na France Inter ao ser questionado sobre os comentários de Donald Trump que indicou a intenção de anexar o território groenlandês aos Estados Unidos.