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Musk recebe líder da extrema-direita alemã no X e causa preocupações sobre interferência eleitoral

09/01/2025 19h16

Por Sarah Marsh e Thomas Escritt

(Reuters) - O bilionário Elon Musk pediu nesta quinta-feira, em transmissão feita em sua plataforma de redes sociais com a líder da extrema-direita alemã, que os eleitores do país votem no partido Alternativa para a Alemanha (AfD) nas próximas eleições nacionais.

No ano passado, Musk usou o X e sua fortuna para ajudar o candidato republicano Donald Trump a vencer a eleição presidencial dos Estados Unidos em 5 de novembro. Ele agora está ficando cada vez mais enfático em seu apoio a partidos de extrema-direita e anti-establishment da Europa. A eleição alemã ocorrerá no dia 23 de fevereiro.

O homem mais rico do mundo tem demonstrado particular interesse na Alemanha, maior economia da Europa e onde ele abriu a primeira fábrica da montadora Tesla's no continente, em 2022.

Musk introduziu a candidata a chanceler pelo AfD, Alice Weidel -- cujo partido está na segunda posição nas pesquisas, mas praticamente não possui chances de formar um governo devido à recusa das demais legendas de trabalhar com ele --, como a "candidata líder para governar a Alemanha”.

Em conversa marcada por risadas de ambas as partes, eles concordaram que o país está sendo prejudicado por uma política energética “maluca”, a excessiva burocracia e a imigração descontrolada.

“As pessoas realmente precisam apoiar o AfD, ou então as coisas vão ficar muito, muito piores na Alemanha”, disse Musk. “Acho que Alice Weidel é uma pessoa muito razoável. Nada ultrajante está sendo proposto.” No mês passado, Musk reforçou seu apoio ao AfD, que é um partido anti-imigração e anti-islâmico classificado como um grupo extremista de direita pelos próprios serviços secretos alemães. O apoio causou consternação em Berlim.

Falando em inglês fluente, Weidel agradeceu a Musk pelo apoio, dizendo que foi a primeira vez em dez anos que pôde falar sem ser interrompida por uma mídia que, alega, tem viés contrário a ela.

“As pessoas adoram censurar coisas com as quais elas não concordam”, disse Musk após ambos terem comparado o tratamento que o AfD recebe da mídia e dos políticos alemães com a forma como o ditador nazista, Adolf Hitler, tratou vozes pró-judeus na década de 1930.

Líderes de toda a Europa têm mostrado preocupação com a atividade política de Musk. O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, acusou o empresário — sem citá-lo — de minar a democracia. O ministro das Relações Exteriores da França pediu que a UE use suas leis de forma mais robusta para se proteger contra interferências externas.

Musk, que descreve a si mesmo como um libertário, classificou o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, como um "tirano" por criticar o AfD, e pediu que o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, renunciasse após um ataque mortal em um mercado de Natal alemão. Ambos pertencem ao Partido Social Democrata (SPD), de centro-esquerda.

Em agosto, Musk teve uma conversa similar com Trump, que depois pediu para que o empresário liderasse um esforço para tornar o governo dos EUA mais eficiente.

Na conversa com Weidel, Musk lembrou das barreiras burocráticas que teve de enfrentar para abrir a fábrica da Tesla na Alemanha.

“Creio que nosso alvará tinha 25 mil páginas. E teve de ser impresso em papel”, alegou. “E muitas, muitas cópias tinham que ser feitas. Então foi literalmente um caminhão de papel.”

Musk apoiou as ambições alemãs quanto à energia renovável, mas concordou com Weidel que desligar as usinas nucleares é uma má ideia.

“Quando vi que a Alemanha estava desligando as usinas após ter o fornecimento de gás cortado pela Rússia, pensei: essa é uma das coisas mais loucas que já vi”, afirmou.

(Reportagem de Sarah Marsh, Thomas Escritt e Matthias Williams em Berlim; reportagem adicional de Andreas Rinke e Friederike Heine em Berlim e Philip Blenkinsop em Bruxelas)

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