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EUA não vão anexar Groenlândia e Canal do Panamá à força, diz premiê italiana após declaração de Trump

09/01/2025 13h09

A chefe do governo italiano, Giorgia Meloni, disse nesta quinta-feira (9) que os Estados Unidos não "anexariam à força" a Groenlândia e o Canal do Panamá. Durante uma coletiva de imprensa nesta terça-feira (7), Donald Trump não descartou o uso da força para anexar a Groenlândia, um território autônomo da Dinamarca.

O magnata também afirmou em várias ocasiões que quer assumir o controle do Canal do Panamá, construído pelos Estados Unidos e inaugurado em 1914, se a taxa paga pelos navios americanos para atravessar a área não for reduzida.  

"Excluo a hipótese de que os Estados Unidos nos próximos anos comecem a tentar anexar pela força territórios que são de seu interesse", disse Meloni durante sua coletiva de imprensa anual em Roma.   

A premiê, que visitou o presidente eleito dos EUA na Flórida no sábado, disse que as declarações eram "mais uma mensagem para outras grandes potências", como a China por exemplo, do que direcionada aos europeus.

Ela lembrou que o Canal do Panamá é crucial para o comércio mundial e a Groenlândia é rica em recursos naturais estratégicos. "São dois territórios onde, nos últimos anos, vimos um crescente ativismo da China", acrescentou.   

Questionado na terça-feira se poderia garantir que não usaria as Forças Armadas para anexar o Canal do Panamá, vital para o transporte marítimo global, bem como a Groenlândia, Trump respondeu que "não poderia garantir nada". Meloni também se recusou a confirmar se iria ou não à posse de Trump em 20 de janeiro, em Washington. 

UE reage a declarações de Trump

A soberania e a integridade territorial da Groenlândia devem ser respeitadas, disse a chefe da diplomacia da UE, Kaja Kallas, nesta quinta-feira.

"A Groenlândia faz parte da Dinamarca, devemos respeitar sua integridade territorial e soberania", afirmou Kallas, durante uma entrevista em Bruxelas.

 A chefe da diplomacia europeia conversou na quarta-feira com a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen.

"Ela me garantiu que as relações entre a Dinamarca e os Estados Unidos eram boas", relatou. "Também me disse que era bom que o presidente eleito estivesse interessado no Ártico, que é uma região muito importante, tanto em termos de segurança, mas também em termos de mudança climática", continuou.

Apoio à Ucrânia

Trump também vem se pronunciando sobre a Ucrânia, e há questionamentos sobre a manutenção do apoio dos EUA ao país com a chegada do magnata ao poder. A UE está "pronta para assumir" o apoio militar à Ucrânia "se os Estados Unidos não quiserem fazê-lo", lembrou Kallas, mas disse ter "certeza" de que Washington o manteria.

"Quem quer que seja o líder dos Estados Unidos, acho que não é do interesse dos Estados Unidos que a Rússia seja a potência mais forte do mundo", declarou o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, durante uma reunião do "grupo de contato" dos parceiros de Kiev em Ramstein, uma base aérea dos EUA perto de Frankfurt. O encontro teve a participação do secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin. 

Austin anunciou uma nova ajuda militar à Ucrânia no valor de cerca de US$ 500 milhões (mais de R$ 3 bilhões), que "inclui mísseis adicionais para defesa aérea ucraniana, mais munição", inclusive para armas ar-terra, "e outros equipamentos para apoiar os F-16 ucranianos", explicou.     

Zelensky voltou a pedir na quinta-feira o envio de mais tropas ocidentais à Ucrânia para "forçar a Rússia à paz". Kiev já havia dito que teme perder o apoio dos Estados Unidos com o retorno de Donald Trump à Casa Branca.   

"Novo capítulo para os europeus"

A posse do magnata em 20 de janeiro marcará a abertura de um "novo capítulo" para os europeus, disse o presidente ucraniano .

Para ele, será um "período de oportunidades", mesmo que Donald Trump seja cético em relação aos bilhões em ajuda gastos por Washington para apoiar Kiev contra a invasão russa, que começou há quase três anos, em 24 de fevereiro de 2022.  

"Teremos que cooperar ainda mais, confiar ainda mais uns nos outros e alcançar resultados ainda maiores juntos", insistiu o presidente ucraniano a representantes de cerca de cinquenta países.

A criação de um contingente militar na Ucrânia para garantir a manutenção de um hipotético cessar-fogo é uma das hipóteses levantadas pelos EUA e os representantes europeus. Donald Trump criticou a ajuda fornecida pelos Estados Unidos à Ucrânia e garantiu que pode resolver o conflito em "24 horas".

Com informações da AFP

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