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É falso que PF não mencionou Bolsonaro no inquérito do golpe

08.jan.2025 - Jornalistas da Globo não ficaram "chocados" com suposta ausência de Bolsonaro em texto; íntegra do texto ainda não havia sido liberada - Imagem: Arte/UOL Confere sobre Reprodução/Instagram
08.jan.2025 - Jornalistas da Globo não ficaram 'chocados' com suposta ausência de Bolsonaro em texto; íntegra do texto ainda não havia sido liberada Imagem: Imagem: Arte/UOL Confere sobre Reprodução/Instagram
do UOL

Colaboração para o UOL

09/01/2025 13h29

É falsa a afirmação de que jornalistas da GloboNews ficaram "chocados" ao supostamente não encontrarem o nome de Jair Bolsonaro (PL) no relatório final da Polícia Federal sobre atos golpistas.

O vídeo, que circula no Instagram e Facebook, exibe um trecho de um programa da GloboNews no qual jornalistas leem um outro documento e não o relatório completo, no qual o ex-presidente é citado 535 vezes.

O que diz o post

A publicação utiliza um trecho da transmissão do programa Estúdio i do dia 26 de novembro de 2024, apresentado por Andréia Sadi, e dá a entender que os jornalistas estavam buscando pela citação direta a Bolsonaro no material lido.

"Jornalistas da Globo ficam chocados ao não ver o nome de Bolsonaro no relatório final da PF sobre o Golpe", diz o texto sobreposto ao vídeo da GloboNews.

No começo, o comentarista Merval Pereira afirma: "Jair Bolsonaro é o sujeito oculto do plano de tentativa de golpe de Estado; ele tinha o domínio do fato. É ele quem decidia, isso só existia porque ele deixou existir"

Sadi avalia os núcleos descritos pela PF: "Então são seis núcleos [...] No primeiro núcleo, ele não aparece como integrante. Aqui só está explicando -começa no gabinete do ódio, desinformação, ataque ao sistema eleitoral. Aqui, no segundo, também: como eles incitaram os militares para conseguir apoio para um golpe de estado. Mas quem seria o beneficiado? Jair Bolsonaro", diz a jornalista em um trecho.

No final, Merval Pereira afirma: "Você imaginar que esses núcleos todos funcionavam e que Bolsonaro não sabia de nada, que estava sentado na cadeira, realmente?"

Porque é falso

Jornalistas ainda não tinham acesso ao relatório completo, que citaria Bolsonaro mais de 500 vezes. Os comentários foram feitos às 13h19, quando Moraes ainda não havia publicado a íntegra do documento da PF. Momentos antes, às 13h05, a jornalista Isabela Camargo fez uma entrada ao vivo para falar justamente da expectativa pelo conteúdo integral do inquérito. O programa está disponível na Globoplay para assinantes (aqui).

"Nós ainda não temos acesso ao conteúdo integral. O que acaba de sair é a decisão pela retirada do sigilo, uma decisão de aproximadamente 10 páginas em que o ministro Alexandre de Moraes dá mais informações a respeito das conclusões da Polícia Federal. Está falando, por exemplo, que tinham eixos de atuação", afirmou a repórter (veja a entrada aqui). Os eixos da investigação, lidos por Sadi na sequência, seriam o alvo da manipulação.

09.jan.2025 - Repórter Isabela Camargo trouxe a informação, minutos antes, que a íntegra do relatório ainda não havia saído; a publicação enganosa mostra que o comentário dos jornalistas foi feito depois, às 13h19 - Imagem: Arte/UOL Confere sobre Reprodução/Globoplay e Reprodução/Instagram - Imagem: Arte/UOL Confere sobre Reprodução/Globoplay e Reprodução/Instagram
09.jan.2025 - Repórter Isabela Camargo trouxe a informação, minutos antes, que a íntegra do relatório ainda não havia saído; a publicação enganosa mostra que o comentário dos jornalistas foi feito depois, às 13h19
Imagem: Imagem: Arte/UOL Confere sobre Reprodução/Globoplay e Reprodução/Instagram

Jair Bolsonaro já havia sido indiciado pela PF no caso da tentativa de golpe. A divulgação do indiciamento havia ocorrido dias antes, em 21 de novembro (aqui), mas o processo ficou sob sigilo até o dia 26.

A íntegra do relatório, com as menções a Jair Bolsonaro já explícitas, seria avaliada no programa GloboNews Mais, que começa às 16h. As redes sociais da emissora publicaram cortes das análises feitas ao vivo (aqui e aqui).

O ex-presidente foi indiciado sob suspeita dos crimes de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. A lista também incluía mais 36 pessoas, como o general Walter Braga Netto, que concorreu como vice na chapa de Bolsonaro em 2022, além de 24 militares, 2 policiais federais, um marqueteiro argentino e um padre. A íntegra do relatório pode ser lida online (aqui).

O conteúdo também já foi checado por Aos Fatos, Estadão e AFP.

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