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Vaso em 180 pedaços, quadro esfaqueado: quais as obras restauradas após 8/1

O presidente Lula vê relógio suíço que passou por restauração após ser vandalizado no 8/1 - ReproduçÃo/CanalGov
O presidente Lula vê relógio suíço que passou por restauração após ser vandalizado no 8/1 Imagem: ReproduçÃo/CanalGov
do UOL

Do UOL, em São Paulo

08/01/2025 15h30

Objetos históricos e pinturas danificadas nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 voltaram ao acervo da Presidência da República nesta quarta-feira (8), data que marca dois anos dos ataques.

O que aconteceu

Entre os 20 artefatos entregues, segundo a ministra da Cultura, Margareth Menezes, sete foram danificados no ataque. É o caso do relógio de mesa suíço e uma obra de Di Cavalcanti, que viraram símbolo da invasão.

Segundo a AGU, os danos materiais causados ao patrimônio público somam mais de R$ 26,2 milhões. Os restauros e outras atividades correlatas, segundo a ministra da Cultura, custaram R$ 2 milhões. Esses objetos foram recuperados, na maioria, por iniciativa do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em parceria com pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas (RS), em um laboratório montado no Palácio do Alvorada.

O reparo demorou mais de um ano para ser concluído e contou com cerca de 50 especialistas. As obras passaram por raio-x, análises com raio UV e infravermelho e observações de tecido e pigmento para ficarem o mais próximo possível ao original.

Relógio de mesa suíço

Relógio danificado durante atos golpistas do 8/1 - Montagem - Montagem
Relógio danificado durante atos golpistas do 8/1
Imagem: Montagem

Presente ao Dom João VI. O relógio de mesa suíço de Balthazar Baltimore foi um presente da corte francesa para Dom João 6º. Fabricado no século 17, ele foi trazido ao Brasil pela família real portuguesa em 1808.

Restauração na Suíça. A peça passou por restauração fora do Brasil. Na época em que foi destruído, ele estava no terceiro andar do Palácio do Planalto, onde fica o gabinete do presidente Lula. Os ponteiros e números foram arrancados.

Engrega do relógio de dom João 6°, restaurado após ter sido destruído nos ataques do 8 de janeiro - Reprodução/Canal Gov - Reprodução/Canal Gov
Engrega do relógio de dom João 6°, restaurado após ter sido destruído nos ataques do 8 de janeiro
Imagem: Reprodução/Canal Gov

Quadro de Di Cavalcanti

Quadro "As Mulatas", de Di Cavalcanti, atacado por vândalos - Reinaldo Azevedo - Reinaldo Azevedo
Quadro "As Mulatas", de Di Cavalcanti, atacado por vândalos
Imagem: Reinaldo Azevedo

Sete punhaladas. A obra 'As Mulatas', do pintor brasileiro Di Cavalcanti, também ficava próxima ao gabinete de Lula no Planalto, e foi devolvida ao mesmo local. Ela sofreu sete perfurações no dia do ataque e ficou destruída.

Após a restauração, os danos ficaram imperceptíveis pela parte da frente, mas pelo verso a gente consegue ver as 'cicatrizes', as marcas dos rasgos. A gente não podia esconder.
Andrea Bachettini, coordenadora do projeto de restauração na UFPel

Parte rompidas foram unidas com cola especial. Em duas partes, foi necessário fazer dois enxertos com material parecido ao original, e algumas aplicações de tinta. A trama das fibras também foi refeita.

Descerramento do painel 'As Mulatas', de Di Cavalcanti, reintegrado ao patrimônio do Palácio do Planalto - Ricardo Stuckert 8.jan.2025 - Ricardo Stuckert 8.jan.2025
Descerramento do quadro 'As Mulatas', reintegrado ao patrimônio do Palácio do Planalto
Imagem: Ricardo Stuckert 8.jan.2025

Vaso de cerâmica

Vaso italiano de cerâmica - UFPel e Folhapress - UFPel e Folhapress
Vaso italiano de cerâmica
Imagem: UFPel e Folhapress

Peça italiana de cerâmica foi quebrada em 180 pedaços. Na restauração, parte da ânfora foi colada peça por peça e a pintura imitou a original. Segundo Andrea Bachettini, foi preciso fazer um molde para a alça, já que partes estavam faltando. Todas as peças foram catalogadas, até mesmo os farelos que não puderam ser reutilizados.

Laboratório montado no Palácio da Alvorada atuou na restauração de obras vandalizadas no 8 de janeiro - Wallisson Breno/Audiovisual/PR - Wallisson Breno/Audiovisual/PR
Na restauração, partes da ânfora foram coladas peça por peça
Imagem: Wallisson Breno/Audiovisual/PR

Escultura 'Vênus Apocalíptica Fragmentando-se'

Escultura Vênus Apocalíptica Fragmentando-se - Reprodução e UFPel - Reprodução e UFPel
Escultura Vênus Apocalíptica Fragmentando-se
Imagem: Reprodução e UFPel

Escultura em bronze foi arremessada pela janela. A obra "Vênus Apocalíptica Fragmentando-se", da artista argentina Marta Minujín, foi arremessada do terceiro andar do Palácio do Planalto, e caiu na grama da área externa.

Processo profundo de restauro. A peça foi desamassada e passou por um processo de coloração especifico para obras de bronze, que simula os efeitos do longo tempo de contato do material com a atmosfera.

Escultura em bronze 'O Flautista'

O Flautista - Reprodução - Reprodução
O Flautista
Imagem: Reprodução

Obra quebrada em quatro partes. A obra "O Flautista", de Bruno Giorgi, tem 1,6 metro de altura e foi quebrada em quatro partes. "A escultura em bronze foi encontrada completamente destruída, com pedaços espalhados pelo salão", segundo a assessoria de imprensa do governo, na época.

Escultura de madeira 'Galhos e Sombras'

Escultura de madeira Galhos e Sombras - Reprodução - Reprodução
Escultura de madeira Galhos e Sombras
Imagem: Reprodução

Peças jogadas longe. A obra "Galhos e Sombras", do polonês naturalizado brasileiro Frans Krajcberg, teve suas partes quebradas e jogadas longe durante o ataque. Inclusive, ela foi separada completamente do suporte de apoio.

Obra "Galhos e Sombras", do polonês naturalizado brasileiro Frans Krajcberg, em processo de restauração - Wallisson Breno/Audiovisual - Wallisson Breno/Audiovisual
Obra "Galhos e Sombras" em processo de restauração
Imagem: Wallisson Breno/Audiovisual

Retrato de Duque de Caxias

Obra foi pintada com "bigode de Hitler". O retrato de Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, pintado pelo artista Oswald Teixeira, também foi entregue hoje ao Planalto. No dia da invasão, o rosto do marechal foi rasurado com tinta azul, simulando o bigode de Adolf Hitler.

Retrato de Duque de Caxias - Cecor/UFMG - Cecor/UFMG
Retrato de Duque de Caxias
Imagem: Cecor/UFMG

*Com informações do Estadão Conteúdo e Agência Brasil

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