A gafe do presidente Lula (PT), que disse ser um "amante da democracia", em evento que relembrou os dois anos de atos golpistas em Brasília, é infeliz e desrespeitosa até com a própria Janja, avaliou a colunista Cris Fibe no UOL News, do Canal UOL, nesta quarta-feira (8).
É uma declaração, no mínimo, infeliz e desrespeitosa até com a própria companheira dele, que estava presente no discurso. Cris Fibe, colunista do UOL
O trecho da fala improvisada por Lula causou repercussão e desagradou à própria Janja, que lançou um olhar de indignação. Na ocasião, ele afirmou que "na maioria das vezes os amantes são mais apaixonados pela amante do que pelas mulheres". Janja reprovou essa parte do discurso do presidente fazendo um não com a cabeça.
Ao UOL News, Cris Fibe reprovou a manifestação machista de Lula —embora ele tenha sido aconselhado por aliados a evitar falas do tipo.
Lula é constantemente aconselhado, inclusive pelo próximo ministro das Comunicações, a evitar falas machistas naturalmente. Esse é um conselho um tanto óbvio. Mas o machismo está tão entranhado, a gente deixa isso escapar por mais que se tente evitar/controlar.
Era um discurso sobre os direitos humanos. Ele chegou a citar a igualdade de gênero, direitos de igualdade para as mulheres, no mesmo discurso onde ele fez essa fala improvisada. Então, [o que ele diz] é como se a 'mulher oficial' não tivesse o seu valor reconhecido. Ele meteu os pés pelas mãos, claramente. Daí, eu fiquei aqui pensando: se a democracia é a amante, a 'mulher oficial' é o quê? Sobre o que para ela? É a ditadura?
Então fica aqui o questionamento como o presidente Lula enxerga esses papéis. E é também esse comportamento machista que é celebrado e naturalizado pelos homens, que é ter uma mulher oficial, que cuida da casa, enquanto ele tem uma amante, que se dedica o amor e a sua paixão, ou seja lá como Lula vê isso. Cris Fibe, colunista do UOL
Ao sair da cadeia em Curitiba (PR), em 8 de novembro de 2019, Lula disse que começou a namorar Janja na prisão. Antes disso, o petista foi casado por duas vezes: Marisa Letícia Lula da Silva, que morreu em 2017 por conta de um AVC (Acidente Vascular Cerebral), enquanto a primeira companheira foi Maria de Lourdes da Silva, com quem ficou pouco mais de dois anos.
Landim: Ao chamar Moraes de Xandão, Lula convoca polarização
No UOL News, a colunista Raquel Landim disse que, ao chamar o ministro Alexandre de Moraes pelo apelido de 'Xandão', Lula perde a oportunidade de realizar evento de união e convoca a polarização eleitoreira durante a cerimônia que relembrou os dois anos da tentativa de golpe, em Brasília.
O que você consegue enxergar como analista político é o quanto o país está polarizado num ato como esse, que não deveria ser dessa ação polariza-extrema. Então, Lula perde a oportunidade de fazer um ato que devia ser profundamente democrático e de união do país e o transforma num ato mais eleitoreiro.
Esse é um governo que não tem uma grande marca na saúde, na educação... A economia está crescendo bem, mas a custa de muito gasto público, e o a gente vê o câmbio explodindo. Então, como o governo não tem nenhuma grande marca, e não é à toa que o governo está trocando o ministro das comunicações, é muito importante para ele [Lula] deixar viva essa chama do golpismo. Raquel Landim, colunista do UOL
No evento de hoje, Lula chamou Moraes —que estava presente e é considerado uma peça importante nas investigações dos atentados— pelo apelido de "Xandão" em duas ocasiões durante o seu discurso. A denominação foi dada pelo ex-deputado Roberto Jefferson, aliado político de Bolsonaro, preso desde 2022 por atacar ministros do STF, durante a leitura de trecho bíblico e profetizando males ao ministro em um vídeo.
Assista ao trecho abaixo:
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