J&F diz não ter conhecimento de nova arbitragem aberta pela Paper em Paris
A J&F afirmou, em nota, que não tem conhecimento sobre a nova arbitragem aberta pela Paper Excellence na Câmara de Comércio Internacional (CCI), em Paris, contra a holding dos irmãos Batista. "Caso a informação seja verdadeira, a Paper Excellence enganou o Supremo Tribunal Federal ao afirmar que estava disposta a negociar um acordo perante a própria Suprema Corte, enquanto ganhava tempo para fugir da jurisdição brasileira", disse a empresa em nota.
"A J&F não tem conhecimento desta nova tentativa de pressão para desistir de seus direitos e confia no cumprimento do contrato e no respeito à lei brasileira e nas decisões do Poder Judiciário", complementa a J&F.
Como mostrou mais cedo o Broadacst (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), a Paper Excellence disse que abriu uma nova arbitragem na disputa pelo controle da brasileira Eldorado Celulose. De acordo com nota enviada pela Paper, a empresa busca uma indenização de US$ 3 bilhões pelos "atos desleais e abusivos praticados pelas duas empresas brasileiras para impedir a concretização da transferência do controle da Eldorado".
Na nota, a Paper afirmou que a escolha de Paris como sede da nova arbitragem é uma tentativa de "reduzir o espaço para manobras protelatórias" dos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da J&F. Segundo a Paper, os dois "vêm se aproveitando de brechas processuais na legislação e abusando do sistema judicial brasileiro ao criar um cenário hostil com diversos factoides e ações paralelas para não entregar a empresa que venderam por R$ 15 bilhões".
A briga dura mais de seis anos e envolve cerca de R$ 15 bilhões. Em 2017, a Paper comprou 49,41% da Eldorado. O contrato previa a transferência de 100% da companhia controlada pela J&F à Paper. Os 50,59% restantes das ações permanecem com a holding dos Batista após a judicialização do acordo em diversas frentes.
A Paper acusa a J&F de não cumprir o contrato de compra e venda. Já a J&F argumenta que a Paper não liberou as garantias previstas no acordo. Agora, um dos principais argumentos da holding dos irmãos Batista contra a venda é uma lei que restringe a compra de terras brasileiras por estrangeiros. De acordo com a J&F, o total de áreas sob controle da Eldorado é de cerca de 450 mil hectares.
Em 2021, a Paper obteve uma vitória no tribunal arbitral ICC Brasil, que determinou por 3 a 0 que a J&F cumprisse os termos da negociação feita em 2017 e vendesse 100% da Eldorado ao grupo estrangeiro. O tribunal de arbitragem foi composto por três árbitros, um indicado por cada lado e o terceiro pelo próprio tribunal.
A decisão arbitral foi questionada pela J&F na Justiça de São Paulo e o julgamento foi suspenso por decisão do ministro Mauro Campbell, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que atendeu a pedido da J&F.