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Um mês após queda de Assad, questão da segurança nas ruas é uma das prioridades na Síria

07/01/2025 16h28

Um mês após a queda do presidente sírio Bashar al-Assad, em 8 de dezembro de 2024, a nova administração impôs seu controle sobre os bairros de Damasco e de outras cidades do país. O governo de transição assumiu os postos de segurança do antigo regime e destacou em mercados e espaços públicos homens armados afiliados ao Hay'at Tahrir al-Sham (HTS), que se tornaram as novas forças da lei e da ordem. Vários moradores fazem parte desse dispositivo de segurança.

Mohamed Errami e Melissa Barra, enviados especiais da RFI a Damasco

Nas ruelas animadas de Damasco, Abou Mohammed al-Sunni, diretor de operações de segurança na capital, afirma que a presença dessas forças armadas tem como objetivo proteger a propriedade pública e privada, além de confiscar as armas em poder dos cidadãos. Isso porque desde que os rebeldes derrubaram o presidente Bashar al-Assad em dezembro, milhares de soldados, policiais e outras autoridades de segurança abandonaram seus postos, abrindo caminho para roubos, saques e outros crimes.

"Graças a Deus, por termos conseguido controlar a situação de segurança no país, as pessoas estão se sentindo aliviadas e temos visto uma recepção calorosa delas, porque sentem que somos um só povo", explica al-Sunni em entrevista à RFI.

Mourad faz parte desses moradores satisfeitos com o novo esquema implementado pelo governo de transição. "As ruas estão bem mais seguras do que antes. Agora é possível sair de casa sem medo de ser preso", disse à RFI o jovem comerciante do souk de Al-Hamidiyah, aliviado pelo fim dos abusos cometidos nos antigos checkpoints controlados pelo regime. "Agora há segurança e disciplina", afirma.

Os pontos de controle eram uma fonte de tensão para os sírios. Eles eram usados para extorquir dinheiro dos moradores e, muitas vezes, para prender ou interrogar cidadãos.

"É claro que as pessoas estão felizes. Mas gostaríamos de ver mais segurança", pondera outro morador, que preferiu não ser identificado. "As pessoas estão com medo. Como não há eletricidade, a maioria das ruas fica escura mesmo de manhã", denuncia. Atualmente, as famílias que não têm geradores de eletricidade em casa têm apenas duas horas de luz elétrica por dia.

Moradores se tornaram agentes de segurança

Em alguns bairros de Damasco, grupos de moradores montam guarda todas as noites com armas de pequeno porte que muitas vezes são entregues pelas novas autoridades sírias, ansiosas para preencher o vácuo de segurança após sua ascensão ao poder. Comitês locais assumiram algumas das barracas abandonadas com a aprovação do governo de transição, que fornece treinamento para esses moradores.

O mesmo tipo de iniciativa foi vista nas cidades de Aleppo, no norte, e Homs, no centro, onde civis também pegaram em armas para proteger seus bairros com o apoio das autoridades.

No entanto, a presença de tantas armas nas ruas não agrada a todos. No bairro de Mezzeh, em Damasco, a professora Sahar teme o aumento de patrulhas instaladas pelos homens ligados ao Hay'at Tahrir al-Sham (HTS) que, segundo ela, criam um clima de opressão ainda mais presente. "Basta olhar para os sírios nas ruas. Às vezes temos muito medo de sair por causa da presença dessa alta densidade de civis armados", desabafa.

Os combatentes do HTS são visíveis em toda a capital, onde garantem a segurança de prédios do governo, incluindo o Palácio Presidencial e a sede da polícia. Além disso, as autoridades permitem que os sírios se inscrevam na academia de polícia para reconstituir suas forças. O objetivo, segundo os representantes do HTS, é erradicar os "remanescentes das milícias de al-Assad" no país.

(Com agências)

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