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Nora suspeita de envenenar bolo no RS postou na rede: 'A morte não é nada'

Suspeita de envenenar bolo, Deise postou reflexões sobre a morte cinco meses antes do Natal - Reprodução/Redes Sociais
Suspeita de envenenar bolo, Deise postou reflexões sobre a morte cinco meses antes do Natal Imagem: Reprodução/Redes Sociais
do UOL

Maurício Businari

Colaboração para o UOL

07/01/2025 15h48

Deise Moura dos Anjos, principal suspeita de envenenar um bolo que matou três pessoas da família, no Rio Grande do Sul, tinha como última postagem em seu Facebook reflexões sobre a morte.

O que aconteceu

Publicado em julho de 2024, o vídeo compartilhado, inspirado em um texto de Santo Agostinho, traz a frase: "A morte não é nada". As imagens foram veiculadas pela primeira vez na novela Bom Sucesso, da Rede Globo. O trecho da obra do santo foi lido pelo personagem Alberto (Antonio Fagundes) em uma conversa com Sofia (Valentina Vieira).

Texto do post faz referência a veneno. A publicação veio acompanhada de cinco frases atribuídas a Santo Agostinho, entre elas: "Reter o perdão é tomar veneno e esperar que aqueles que não foram perdoados morram".

Em meio a mensagens que exaltavam o perdão, o cuidado com a alma e a verdade, Deise se apresentava como uma pessoa introspectiva e familiar. Em suas redes sociais, costumava compartilhar momentos em família, demonstrando carinho pela enteada, pelo marido e pelo filho. Em uma das postagens, aparece ao lado do filho, ambos vestindo camisetas do Grêmio, sugerindo a paixão pelo clube.

Deise construiu uma carreira em áreas administrativas e financeiras. Com formação em Gestão Financeira pela Universidade La Salle, ela trabalhou como auxiliar contábil e secretária executiva em empresas do Rio Grande do Sul e de Goiás. Deise é casada com um dos filhos de Zeli dos Anjos, que preparou o bolo e está internada em estado grave. O filho também chegou a precisar de atendimento médico, mas foi liberado.

Deise, à esquerda, formando-se em Gestão Financeira; e à direita, trecho do último post no Facebook, com reflexões sobre a morte - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Deise, à esquerda, formando-se em Gestão Financeira; e à direita, trecho do último post no Facebook, com reflexões sobre a morte
Imagem: Reprodução/Facebook

Bolo de reis

A foto de capa do perfil de Zeli no Facebook é uma imagem do Natal de 2021. Ao centro, sobre um balão dourado em forma de coração, está o neto. Do lado esquerdo da imagem, estão o filho de Zeli e a esposa, Deise.

Zeli aparece à direita, ao lado do marido, morto em setembro e cujo corpo deve ser exumado nos próximos dias. A polícia quer desvendar se a causa da morte dele tem a ver com envenenamento.

À esquerda, mais abaixo na foto, está o bolo de reis que era preparado anualmente por Zeli para os natais em família. Uma réplica do bolo servido no dia 23 de dezembro de 2024 para familiares e que matou três parentes dela. A polícia suspeita que a idosa não sabia, mas a farinha usada teria sido "batizada" com arsênio por Deise.

O crime ocorreu na véspera de Natal de 2024 e resultou na morte de duas irmãs e uma sobrinha de Zeli. A professora Maida Berenice Flores da Silva, 58; e Neuza Denize Silva dos Anjos, 65, não resistiram ao veneno. A filha de Neuza, Tatiana Denize Silva dos Santos, 43, sobrinha de Zeli, também morreu após ingerir um pedaço do bolo. Uma criança da família está hospitalizada, assim como Zeli.

Todos os anos, Zeli preparava uma receita de bolo para o Natal em família. À direita, o mesmo bolo, feito em 2024, mas dessa vez envenenado com arsênio - Reprodução/Redes Sociais - Reprodução/Redes Sociais
Todos os anos, Zeli preparava uma receita de bolo para o Natal em família. À direita, o mesmo bolo, feito em 2024, mas dessa vez envenenado com arsênio
Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Buscas na internet

Segundo a investigação, Deise realizou buscas na internet sobre "arsênio", substância tóxica encontrada no bolo e no sangue das vítimas. As buscas foram descobertas após a extração de dados de seu celular. A farinha utilizada na receita do bolo apresentava contaminação 2.700 vezes superior ao normal, segundo o Instituto-Geral de Perícias, e a presença do veneno não foi considerada acidental.

Embora a família tivesse uma convivência aparentemente harmoniosa, o delegado Marcos Vinícius Muniz Veloso revelou que divergências antigas, de mais de 20 anos, marcaram a relação entre Deise e a sogra. Esses atritos teriam escalado ao ponto de motivar o crime. Testemunhas relataram que os conflitos, inicialmente pequenos, envolveram disputas familiares nunca superadas.

Deise foi presa preventivamente em 5 de janeiro de 2025. Sua prisão foi mantida pela Justiça do Rio Grande do Sul por 30 dias, com possibilidade de prorrogação. Em nota, seus advogados afirmaram que ainda não tiveram acesso integral ao inquérito e que se manifestarão em momento oportuno.

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