'Aqui só tem eu, Moreira e o diabo', teria dito GCM que matou secretário
O Guarda Civil Henrique Marival de Souza, preso por matar o secretário-adjunto de Segurança de Osasco, Adilson Custódio Moreira, teve a prisão em flagrante convertida em preventiva nesta terça-feira (7). Ele teria dito que estava "com Moreira e o demônio" após atirar no chefe dentro de um prédio da prefeitura, segundo o comandante da GCM, Erivan da Silva Gomes.
O que aconteceu
Prisão preventiva foi determinada após audiência de custódia. O procedimento aconteceu na manhã desta terça-feira (7). Os advogados que representam o GCM informaram ao UOL que estão analisando o caso e não vão se manifestar no momento.
Inspetor Erivan da Silva Gomes contou que foi o primeiro a negociar rendição do suspeito, antes da chegada da polícia. Ao canal GloboNews, Silva Gomes disse que pediu que Marival enviasse fotos comprovando que o secretário estava bem durante o cárcere, o que não foi feito.
Ele desconfiou que o secretário tinha morrido durante as negociações. O inspetor explicou que não ouviu qualquer sinal de vida de Moreira e se deparou com um ambiente "todo em silêncio" ao chegar no local. "Como eu não ouvia nenhuma fala, já tinha certeza que ou o Moreira estava em óbito, ou estava ferido, sangrando, perdendo sangue e perdendo a consciência", disse.
Mudança na escala de trabalho pode ter motivado crime. O inspetor informou que Marival começou a discutir com o secretário-adjunto após ser informado de que a escala de trabalho dele mudaria. Um colega, o último a ficar na sala com a dupla, ouviu os disparos assim que deixou o local.
GCM tinha passado por exame psicotécnico há menos de dois anos. Segundo o inspetor, os exames são periódicos e Marival estava "em dia" com essa avaliação. Ele também disse que nenhum registro de que o GCM tenha ameaçado colegas foi anteriormente feito junto à ouvidoria. A Corregedoria da GCM deve ouvir testemunhas do caso nesta quarta-feira (8).
Corpo de secretário é velado em Osasco. O velório de Adilson Custódio Moreira começou às 8h desta terça no Cemitério Bela Vista e foi aberto ao público às 10h. Ele deve ser enterrado às 17h no mesmo local.
A primeira pessoa a tentar mediar uma conversa com ele foi eu. Eu conduzi até a chegada do Gate. Em um dado momento eu conversando com ele, pedi uma foto, falei: 'Marival, manda um vídeo do Moreira, a gente precisa saber como o Moreira está'. Neste momento, ele falou: 'Aqui só tem eu, o Moreira e o demônio'.
Inspetor Regional Erivan da Silva Gomes, à Globonews
Entenda o caso
Um guarda civil municipal se entregou à polícia nessa segunda-feira (6) após atirar e matar o secretário-adjunto de Segurança da cidade, Adilson Custódio Moreira. O crime ocorreu após um desentendimento entre o guarda e o secretário, no fim de uma reunião no Paço Municipal.
Após atirar contra o colega, Marival se trancou na sala com ele e montou barricadas. Os funcionários foram orientados a sair do local após os tiros e ninguém ficou ferido.
Autor dos disparos se entregou às 19h32 — após duas horas de negociação. Após atuação do GATE (Grupo de Ações Táticas Especiais), o homem deixou o prédio da prefeitura.
O atirador foi encaminhado ao 5º Distrito Policial de Osasco, onde será ouvido e indiciado. Em nota encaminhada ao UOL, a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo) também lamentou a morte de Adilson.
Quem era o homem assassinado?
Adilson começou a trabalhar na Prefeitura de Osasco na gestão de Rogério Lins, que geriu o município de 2016 até 2024. O profissional foi mantido pelo novo prefeito, Gerson Pessoa, que assumiu há menos de uma semana.
Ele virou secretário de segurança de Osasco em junho de 2018. Adilson deixou o cargo em 2019, quando o atual chefe da secretaria, José Virgolino de Oliveira, assumiu o cargo. Desde então, ele era secretário-adjunto da pasta.
Adilson nasceu no município de Jequitinhonha, em Minas Gerais. Ele teria ido para Cabreúva (SP) ainda quando criança e se mudou para Osasco em 1988, quando montou uma empresa de motoboys, segundo uma reportagem do Correio Paulista.