Investigadores da Coreia do Sul pedem para prorrogar prazo de prisão do presidente destituído
O presidente sul-coreano destituído, Yoon Suk Yeol, evitou ser preso nesta segunda-feira (6) após a expiração oficial do prazo para executar a ordem de prisão contra ele, mas os investigadores solicitaram mais tempo para aplicá-la.
Yoon, destituído pelo Parlamento, recusou-se três vezes a ser interrogado sobre a sua tentativa fracassada no mês passado de declarar a lei marcial e permanece trancado em sua residência, rodeado por centenas de guardas do seu serviço de segurança que impedem a sua prisão.
Os investigadores anticorrupção que tratam do caso solicitaram prorrogação do prazo para a sua detenção, que expirou às 15h00 GMT (12h00 no horário de Brasília) desta segunda-feira, e pediram apoio à polícia.
"O quartel general de investigação conjunta voltou a apresentar hoje uma ordem ao Tribunal do Distrito Oeste de Seul para estender a ordem de prisão contra o réu Yoon", disse o Escritório de Investigações de Corrupção de Altos Funcionários (CIO) em um comunicado.
O CIO é a agência governamental que investiga e processa casos de corrupção.
O tribunal ainda não anunciou a sua decisão, mas o subdiretor do CIO, Lee Jae-seung, afirmou que a probabilidade de o tribunal não conceder uma prorrogação é "muito baixa".
Os investigadores buscam mais tempo e ajuda diante das dificuldades para prender Yoon.
Na sexta-feira, o serviço de segurança do presidente impediu que os investigadores tivessem acesso à sua casa em Seul, capital sul-coreana, após horas de tensão.
"Também consideraremos a opção de prender qualquer membro do serviço de segurança presidencial durante a execução de uma segunda ordem", disse um oficial da polícia nesta segunda-feira, sob condição de anonimato.
O Partido Democrático, de oposição, pediu a dissolução do serviço de segurança que protege o presidente destituído.
Embora ainda não tenham conseguido interrogar Yoon, os investigadores acusaram os principais oficiais militares por trás do plano de impor a lei marcial.
Nesta segunda-feira, os promotores acusaram Moon Sang-ho, comandante da Inteligência de Defesa, de insurreição e abuso de poder.
- Manifestações a favor e contra -
A decisão de declarar a lei marcial em 3 de dezembro, que vigorou apenas por algumas horas, mergulhou a Coreia do Sul na sua pior crise política em décadas e poderá levar Yoon à prisão ou até mesmo ser condenado à morte, se necessário. Mas ele e seus apoiadores permanecem desafiadores.
"Protegeremos o serviço de segurança presidencial até meia-noite", disse Kim Soo-yong, 62 anos, um dos organizadores de uma manifestação a favor do presidente. "Se receber outra ordem [de prisão], nós voltaremos".
"Ele está aqui há mais tempo que o CIO. Não faz sentido eles não poderem fazer isso. Eles precisam prendê-lo agora", disse Kim Ah-young, de 30 anos, que participa de protestos contra Yoon.
Neste contexto, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, chegou a Seul nesta segunda-feira, mas não se encontrou com Yoon.
O Tribunal Constitucional sul-coreano planeja iniciar o julgamento de Yoon em 14 de janeiro. Caso ele não compareça, será realizado na sua ausência.
Um relatório dos promotores, visto pela AFP, diz que Yoon ignorou as objeções de vários ministros de seu gabinete e decidiu declarar a lei marcial.
O Tribunal Constitucional tem até 180 dias para determinar se deve destituir Yoon do cargo de presidente ou restaurar os seus poderes.
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