Paraguai dá 48 h para diplomatas da Venezuela deixarem o país após ruptura
O Paraguai exigiu a saída do pessoal diplomático venezuelano do país depois que Caracas rompeu relações com Assunção pelo apoio do presidente Santiago Peña ao opositor Edmundo González Urrutia, que afirma ter vencido Nicolás Maduro nas eleições de julho. A informação foi divulgada pela presidência paraguaia nesta segunda-feira (6).
O que aconteceu
Governo se manifestou após a chancelaria venezuelana anunciar que rompeu as relações diplomáticas com o Paraguai. O Paraguai exigiu "que o embaixador venezuelano Ricardo Capella e o pessoal diplomático credenciado no país abandonem o país nas próximas 48 horas", diz o comunicado.
No texto, o Paraguai volta a reconhecer Edmundo como o presidente eleito da Venezuela. Para o país, o opositor tem o direito de assumir o cargo no próximo dia 10 de janeiro, "seguindo a vontade soberana do povo venezuelano expressada [nas urnas] em 28 de julho de 2024".
Paraguai ainda "ratificou o firme e contundente apoio do país ao direito do povo venezuelano a viver em uma democracia". "[Democracia] dentro de um Estado de Direito, com respeito absoluto as suas liberdades e garantias fundamentais", finalizaram.
A Venezuela ainda não fez nenhuma declaração depois do comunicado do governo paraguaio.
Venezuela anunciou rompimento das relações diplomáticas
A Venezuela anunciou hoje (6) que rompeu as relações com o Paraguai. Edmundo foi adversário do presidente Nicolás Maduro nas eleições de 28 de julho.
Chancelaria se manifestou em um comunicado. O governo venezuelano afirmou que o rompimento diplomático foi decidido no "pleno exercício da sua soberania" e inclui "a retirada imediata de seu pessoal diplomático credenciado no país".
Comunicado foi reação a uma conversa na qual o presidente paraguaio, Santiago Peña, expressou apoio a González. No X, o Peña disse que conversou com Edmundo e María Corina Machado, líder da oposição venezuelana, e ressaltou que destacaram na conversa a necessidade da "região se unir para trabalhar pelo respeito absoluto à vontade popular e para evitar que regimes autoritários permaneçam em vigor".
A Venezuela disse "rechaçar categoricamente" as declarações de Peña. Eles acusaram o presidente paraguaio de ignorar o direito internacional e o princípio de não-intervencionismo, reincidindo em uma "prática fracassada".
É lamentável que governos como o do Paraguai continuem a subordinar a sua política externa aos interesses das potências estrangeiras, promovendo agendas que visam minar os princípios democráticos e a vontade dos povos livres.
Venezuela em comunicado
No fim do texto, a chancelaria reiterou seu "compromisso com a defesa da democracia e da paz". Ainda foi reafirmado que nenhuma ação "instruída pelo fascismo internacional conseguirá quebrar a vontade de um povo firme na construção de seu próprio destino.
Rompimento e contestações
Caracas já havia rompido relações com os Estados Unidos em 2019 devido ao apoio dado ao opositor Juan Guaidó, que liderou um governo interino simbólico, respaldado na época por cerca de 50 governos.
Após as contestações internacionais à proclamação de Maduro, o governo venezuelano retirou seu pessoal diplomático de vários países. São eles: Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai.
A ruptura de relações com o Paraguai ocorre quatro dias antes da posse de Maduro para um terceiro mandato consecutivo de seis anos (2025-2031), em meio a denúncias de fraude feitas pela oposição, que reivindica a vitória de Edmundo, exilado desde 8 de setembro.
A reeleição do herdeiro político de Hugo Chávez desencadeou protestos que resultaram em 28 mortos e 200 feridos. Além disso houve mais de 2.400 presos, incluindo adolescentes, acusados de terrorismo e encarcerados em prisões de segurança máxima. Cerca de 1.500 já foram liberados.
(Com AFP)