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Ibovespa sobe com esperanças de tarifas mais moderadas nos EUA

06/01/2025 18h07

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa encerrou em alta nesta segunda-feira, retomando o patamar dos 120 mil pontos perdido semana passada, com a notícia de que os planos tarifários prometidos pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, podem ser mais moderados, o que também pressionou as taxas dos DIs e o dólar para baixo.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1,26%, a 120.021,52 pontos, tendo marcado 120.322,11 pontos na máxima e 118.533,98 pontos na mínima da sessão. O volume financeiro somou 19,32 bilhões de reais.

Uma reportagem do jornal The Washington Post nesta segunda-feira apontou que assessores de Trump estariam explorando tarifas universais que abrangeriam apenas importações críticas, sinal de que o presidente eleito adotaria uma postura menos agressiva sobre as tarifas do que o previsto anteriormente.

Trump, posteriormente, refutou a notícia, afirmando em sua plataforma Truth Social que a matéria está errada e que trata-se de "mais um exemplo de fake news". A declaração até ajudou o dólar a recuperar certo fôlego, mas o mercado "não comprou" a fala do republicano, disse o analista Alan Martins, da Nova Futura Investimentos.

"É a repetição do comportamento que a gente viu no primeiro mandato... Houve várias situações onde ele falou que iria tarifar pesado. Não que não teve, mas também não foi na mesma intensidade que ele indicou que teria", disse Martins.

A perspectiva se alinha à visão de Renato Nobile, analista da Buena Vista Capital, que afirmou que a reportagem fortaleceu uma posição já antecipada por agentes financeiros.

"O mercado não mudou o humor... Nossa visão - e já era nossa visão até no período eleitoral - é a de que o Trump irá utilizar dessas suas políticas tarifárias muito mais como uma política de pressão e negociação. Não que ele vai utilizar isso de forma mais contundente. Até porque uma política tarifária mais extensa é muito ruim para o próprio mercado americano."

Em meio ao noticiário nos EUA, o dólar fechou com queda superior a 1% ante o real, em sintonia com o cenário favorável para as moedas de países emergentes no exterior, enquanto as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) tiveram queda.

No Brasil, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse em entrevista a jornalistas que não há discussão no governo que envolva mudanças no regime cambial ou que passe por aumento de impostos para conter a saída de dólares do país, após uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em Wall Street, os principais índices acionários encerraram sem direção comum, com altas para o Nasdaq e o S&P 500, impulsionados também por uma valorização das ações de semicondutores, mas Dow Jones perto da estabilidade.

O dia marcou ainda a entrada em vigor da nova carteira teórica do Ibovespa, que adiciona as ações da Marcopolo e da Porto Seguro enquanto retira os papéis da Eztec e da Alpargatas. Ela permanece em vigor até 2 de maio.

DESTAQUES

- ITAÚ UNIBANCO PN subiu 4,49%, principal contribuição positiva para o Ibovespa, em dia de destaque para bancos, enquanto BRADESCO PN avançou 1,96%, SANTANDER BRASIL UNIT ganhou 2,48% e BANCO DO BRASIL ON valorizou-se 0,93%. Ainda no setor, BTG PACTUAL UNIT encerrou com alta de 3,6%, tendo como pano de fundo notícia publicada no jornal O Globo de que a empresa anunciará nesta semana a compra da unidade brasileira do banco suíço Julius Baer em uma transação de cerca de 1 bilhão de reais.

- VALE ON caiu 1,28%, acompanhando sessão de queda para os preços do minério de ferro na China. O contrato de maio do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com perda de 2,21%, a 751,5 iuanes (102,54 dólares) a tonelada, fechando no nível mais fraco desde 19 de novembro.

- PETROBRAS PN perdeu 0,47%, na esteira do declínio de 0,27% do petróleo Brent, a 76,30 dólares por barril. A estatal lançou nesta segunda-feira sua primeira chamada pública para a aquisição de biometano, à medida que busca incentivar o mercado do insumo renovável. Ainda no setor, BRAVA ENERGIA ON perdeu 0,22%, embora PRIO ON tenha avançado 0,89%. A Prio, ao comunicar alteração de participação acionária relevante na sexta-feira, disse que o Goldman Sachs detém 4,95% em posição de derivativos na empresa.

- ENEVA ON fechou com alta de 5,86%, após o Ministério de Minas e Energia alterar portaria com as regras para a realização de um leilão de reserva de capacidade, permitindo que termelétricas existentes possam disputar contratos com entrega de energia em 2028, 2029 e 2030. A alteração beneficia a Eneva, uma vez que, pelas regras anteriores, a companhia estava impossibilitada de tentar a recontratação de usinas do complexo Parnaíba.

- MARCOPOLO PN avançou 1,5% e PORTO SEGURO ON subiu 4,03%, após inclusão dos papéis na nova carteira do Ibovespa.

- SABESP ON subiu 1,33%, a 88,07 reais, com o BofA elevando nesta segunda-feira o preço-alvo para a ação a 116 reais, de 115 reais anteriormente, e reiterando recomendação de "compra" após mudanças na regulamentação de tarifas.

- AZUL PN disparou 14,67%, em seu sexto pregão consecutivo positivo, enquanto a GOL PN, que não está no Ibovespa, saltou 13,77%, quinta sessão seguida de alta. Ambas as companhias aéreas anunciaram na semana passada acordos para renegociação de débitos com a União, com redução das dívidas em cerca de 5,8 bilhões de reais no total, conforme informado pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional na sexta-feira.

(Reportagem de Patricia Vilas Boas)

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