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'Assunto não está encerrado', diz Macron sobre acordo UE-Mercosul em dia de protesto de agricultores

06/01/2025 10h57

O presidente francês, Emmanuel Macron, garantiu nesta segunda-feira (6) que "o assunto não está encerrado", referindo-se à conclusão do controverso acordo comercial entre a União Europeia e os países do Mercosul. Agricultores franceses seguem determinados para impedir a vigência do texto e centenas deles prometeram mais uma paralisação de tratores nesta segunda-feira. A ministra francesa da Agricultura, Annie Genevard, pediu para não "bloquear Paris no primeiro dia de aula" após as férias de Natal.

"O assunto não está encerrado [...]. Continuaremos defendendo vigorosamente a consistência de nossos compromissos", disse Emmanuel Macron aos embaixadores franceses reunidos no Palácio do Eliseu nesta segunda-feira de volta às aulas na França, após as duas semanas de férias de fim de ano.

Agricultores franceses seguem irritados e determinados a impedir que a versão atual do acordo UE-Mersocul não entre em vigor. Eles prometeram mais uma paralisação no tráfego de veículos na capital para pressionar o governo a tomar medidas.  

Na segunda-feira, a ministra da Agricultura, Annie Genevard, disse entender a "preocupação" dos agricultores que tentam chegar à capital, mas insistiu na necessidade de não "bloquear Paris no primeiro dia de aula" após as férias de Natal. 

"Eles expressaram o desejo de bloquear Paris. Não, bloqueiem Paris, especialmente em um dia de volta às aulas, um dia de volta às aulas para os franceses. Nada de bloqueios que comprometam a imagem dos agricultores aos olhos dos franceses. E nada de violência", alertou a ministra em referência a uma mobilização de 200 agricultores e cerca de 50 tratores em todo o país que ase aproximam da capital. 

A revolta dos agricultores 

Os tratores dirigidos por agricultores ligados ao sindicato Coordination rurale (CR) foram bloqueados pelas forças de segurança em vários pontos nos arredores de Paris na manhã de segunda-feira. Ainda no domingo, agricultores indignados anunciaram o plano de se deslocar para a capital em resposta a um chamado de um dos principais sindicatos agrícolas da França, ilustrando as preocupações de um setor cujos representantes serão recebidos pelo primeiro-ministro centrista, François Bayrou, no dia 13 de janeiro.

Entretanto, os agricultores consideram a data "muito distante" dada a "urgência" de suas reivindicações. A Coordination Rurale queria garantias imediatas do chefe de governo, que foi nomeado em 13 de dezembro, depois que seu antecessor, Michel Barnier, foi censurado. 

O polêmico acordo UE-Mercosul

Os agricultores franceses estão denunciando o acordo de livre comércio entre a União Europeia e quatro países do Mercosul (Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai), que eles acusam de incentivar a importação de produtos de baixo custo com padrões ambientais mais baixos do que os impostos a eles. 

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Eles também lamentam a falta de renda e as inúmeras normas e burocracias administrativas. "Há um ano não temos resposta para todas as promessas que foram feitas. Todos os agricultores estão fartos", disse à AFP Serge Genevay, membro da Coordination rurale, que está participando de uma manifestação ao sul de Lyon, a terceira maior cidade da França (centro-leste). 

"O trabalho do governo (...) é ouvir essa raiva e essas demandas, e eu respondi da mesma forma", confirmou a ministra da Agricultura, Annie Genevard. 

Um projeto de lei de política agrícola concebido para responder em parte às demandas dos agricultores foi adiado pela dissolução da Assembleia Nacional decidida em junho pelo presidente Emmanuel Macron e pelas sucessivas mudanças de governo. 

Annie Genevard confirmou na segunda-feira que o texto seria "um dos primeiros" a ser estudado pelo Parlamento após o orçamento, "uma prioridade absoluta", "inclusive para os agricultores", e que a ajuda votada seria "retroativa". 

(Com informações da AFP) 

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