Líder da extrema direita italiana, premiê Giorgia Meloni visita Trump na Flórida antes da posse
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, fez uma visita surpresa e não oficial ao presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, em sua residência em Mar-a-Lago, na Flórida, de acordo com o gabinete da primeira-ministra neste domingo (5). Segundo a imprensa francesa, o encontro reflete a união entre a extrema direita europeia e a norte-americana e ocorreu apenas alguns dias antes da reunião com o presidente dos EUA, Joe Biden, em Roma, prevista para a quinta-feira (9).
Fotografias publicadas neste domingo pelo gabinete da primeira-ministra de extrema-direita mostram Meloni e Donald Trump posando na entrada da residência de Mar-a-Lago e conversando na sala de recepção, com uma árvore de Natal visível ao fundo.
As fotos dos dois líderes lado a lado chegaram à primeira página de toda a mídia italiana neste domingo. Elas também mostram Meloni apertando a mão do senador da Flórida e apoiador de Trump, Marco Rubio.
O gabinete da primeira-ministra italiana não emitiu nenhuma declaração sobre a visita, nem respondeu às repetidas solicitações de confirmação da visita no sábado, que foi noticiada pela imprensa dos EUA como sendo marcada por uma exibição de filme e um jantar.
Vários outros líderes estrangeiros - incluindo o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau e o primeiro-ministro húngaro Viktor Orban - visitaram o presidente eleito dos EUA nos últimos meses, cuja cerimônia de posse está marcada para 20 de janeiro.
Essa visita de Giorgia Meloni, líder do partido Fratelli d'Italia (FdI), ocorre quatro dias antes de uma visita a Roma do presidente dos EUA, Joe Biden, que deve se encontrar com Meloni e, em uma reunião separada, com o Papa Francisco.
Origens fascistas e memória de Mussolini
Giorgia Meloni tem uma trajetória política intimamente ligada a movimentos pós-fascistas. Desde a adolescência, ela se envolveu no "Fronte della Gioventù", a organização juvenil do Movimento Social Italiano (MSI), um partido fundado por antigos apoiadores do regime fascista de Benito Mussolini.
Em 1995, o MSI se transformou em "Alleanza Nazionale" (AN), buscando se distanciar do fascismo histórico. No entanto, declarações de líderes como Gianfranco Fini, que em 1991 afirmou: "Somos fascistas, herdeiros do fascismo, o fascismo do ano 2000", demonstram a persistência de referências ao passado fascista.
Em 2012, Meloni cofundou o partido Fratelli d'Italia (FdI), que incorporou a chama tricolor em seu logotipo, um símbolo historicamente associado ao MSI e à memória de Mussolini. Essa continuidade simbólica gerou debates sobre a ligação do partido com o legado fascista.
Ao longo de sua carreira, Meloni fez declarações controversas. Aos 19 anos, ela descreveu Mussolini como "um bom político" que teria agido pelo bem da Itália. Mais tarde, ela homenageou Giorgio Almirante, cofundador do MSI e ex-colaborador da República Social Italiana, um estado fantoche nazista. Essas posições levantam questionamentos sobre suas conexões com a ideologia fascista.
Apesar dessas controvérsias, Meloni afirma que seu partido "deixou o fascismo para a história há décadas" e condena sem reservas "a supressão da democracia e as infames leis antissemitas". No entanto, as críticas persistem devido à ambiguidade de sua ruptura com o passado fascista, especialmente pela presença contínua de símbolos e algumas declarações internas de seu partido.
(RFI com AFP)