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Áustria caminha para negociações de coalizão lideradas pela extrema-direita após fracasso de centristas

05/01/2025 13h58

Por Francois Murphy

VIENA (Reuters) - A Áustria avançou neste domingo para negociações de coalizão lideradas pelo Partido da Liberdade (FPO), de extrema-direita, depois de os esforços para formar um governo sem o partido terem fracassado e levado o chanceler Karl Nehammer a renunciar.

Nehammer, que anunciou sua renúncia na noite de sábado, liderou negociações de três e depois de dois partidos com o objetivo de forjar uma coalizão centrista que pudesse servir de baluarte contra o FPO depois que o partido eurocético e próximo da Rússia ficou em primeiro lugar nas eleições parlamentares de setembro.

O conservador Partido Popular (OVP) de Nehammer nomeou neste domingo o secretário-geral Christian Stocker como seu novo líder interino.

Stocker há muito tempo repetia a posição de Nehammer de que o OVP não governaria com o líder do FPO, Herbert Kickl, mas disse que agora as coisas mudaram.

"Espero que o líder do partido com mais votos seja encarregado de formar um futuro governo. Se formos convidados para estas conversas (de coalizão), aceitaremos o convite", disse Stocker a jornalistas.

“Portanto, não se trata de Herbert Kickl ou de mim, mas do fato de que este país precisa de um governo estável neste momento e que não podemos continuar perdendo tempo com campanhas eleitorais ou eleições”, disse.

O presidente Alexander Van der Bellen, um ex-líder dos Verdes de esquerda que expressou receios sobre Kickl se tornar chanceler, irritou o FPO ao não lhe pedir para formar um governo após a eleição, alegando que nenhum outro partido estava disposto a aderir a uma coalizão.

Embora tenha dito que a situação havia mudado, Van der Bellen não chegou a afirmar que pediria a Kickl para liderar as negociações da coalizão. Ele deve se encontrar com Kickl às 11h (7h, horário de Brasília) de segunda-feira e um novo chanceler interino também será nomeado na próxima semana, com Nehammer permanecendo no cargo até lá.

"As vozes dentro do Partido Popular que descartam a cooperação com um FPO sob o comando de Herbert Kickl estão mais silenciosas. Isto, por sua vez, significa que pode estar se abrindo um novo caminho que não existia antes", disse Van der Bellen em um discurso à nação.

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