Coreia do Sul: manifestantes protestam a favor e contra detenção do presidente suspenso
Milhares de sul-coreanos saíram, neste sábado (4), em protesto pelas ruas de Seul, capital do país que vive em um clima político cada vez mais caótico, um dia após uma tentativa fracassada de prender o presidente deposto Yoon Suk-yeol, 64 anos, acusado de "rebelião" por tentar impor a lei marcial no início de dezembro. A prisão de Yoon Suk-yeol seria a primeira de um chefe de Estado em exercício na história do país. Em meio a essa crise, o chefe da diplomacia dos EUA, Antony Blinken, é esperado no país na segunda-feira.
Milhares de sul-coreanos saíram, neste sábado (4), em protesto pelas ruas de Seul, capital do país que vive em um clima político cada vez mais caótico, um dia após uma tentativa fracassada de prender o presidente deposto Yoon Suk Yeol, 64 anos, acusado de "rebelião" por tentar impor a lei marcial no início de dezembro. A prisão de Yoon Suk Yeol seria a primeira de um chefe de Estado em exercício na história do país.
Em meio a essa crise, o chefe da diplomacia dos EUA, Antony Blinken, é esperado no país nesta segunda-feira (6).
Neste sábado, críticos e simpatizantes se reuniram em avenidas da capital Seul e em frente à casa de Yoon Suk-yeol, alguns exigindo sua prisão e outros pedindo a anulação de seu impeachment pela Assembleia Nacional. Os atos acontecem depois de uma tentativa fracassada, na sexta-feira (3), de prender o líder sul-coreano acusado de "rebelião" pela tentativa de realizar uma imposição da lei marcial no início de dezembro, que durou pouco tempo.
"Se o presidente Yoon sofrer impeachment e Lee Jae-myung (o líder da oposição) se tornar o novo presidente, nosso país poderá ser ameaçado de 'comunização' e absorção pela Coreia do Norte (...). Não posso deixar que isso aconteça", disse à AFP Jang Young-hoon, de 30 anos, cidadão pró-Yoon.
No lado oposto, a maior confederação sindical da Coreia do Sul (KCTU) marchou em direção à residência de Yoon Suk Yeol, mas foi bloqueada pela polícia, que informou que dois membros foram presos e vários ficaram feridos.
No dia anterior, soldados e serviços de segurança bloquearam os investigadores que haviam ido à casa de Yoon Suk Yeol para levá-lo. A operação iniciada no início da manhã foi cancelada após cerca de seis horas de negociações infrutíferas e tensão.
Se Yoon Suk Yeol fosse preso, seria a primeira prisão de um chefe de estado em exercício na história do país, já que ele permanece oficialmente presidente até que o Tribunal Constitucional confirme ou anule seu impeachment, que foi adotado pelo parlamento em 14 de dezembro.
Suspenso de suas funções desde então e confinado em sua casa, Yoon é acusado de ter abalado a jovem democracia sul-coreana na noite de 3 para 4 de dezembro ao proclamar a lei marcial de surpresa, um golpe de força que reavivou as dolorosas lembranças da ditadura militar. O líder impopular, agora destituído dos poderes, é alvo de várias investigações, incluindo uma por "rebelião", um crime teoricamente punível com pena de morte no país.
Em um Parlamento cercado por soldados, um número suficiente de parlamentares conseguiu se reunir para votar em uma moção exigindo a suspensão do estado de emergência. Sob pressão da Assembleia, de milhares de manifestantes e limitado pela Constituição, Yoon Suk Yeol foi forçado a revogar o estado de emergência poucas horas depois de tê-lo declarado.
O Escritório de Investigação de Corrupção (CIO) tem até segunda-feira para executar o mandado de prisão emitido pelos tribunais para forçar Yoon a responder perguntas "sobre sua tentativa de impor a lei marcial".
Julgamento constitucional em 14 de janeiro
Por sua vez, o Tribunal Constitucional marcou para 14 de janeiro a data de abertura do julgamento de impeachment contra o presidente, que continuará mesmo sem ele. O tribunal deve se pronunciar até meados de junho.
Até o momento, Yoon recusou todas as convocações relacionadas ao golpe, e o guarda, em várias ocasiões, obstruiu as buscas, apesar de ter sido emitido um mandado.
No sábado, dois dos encarregados de sua proteção se recusaram a comparecer à polícia, de acordo com uma declaração do serviço de segurança presidencial enviada à AFP, citando a natureza "séria" de sua missão.
Já os advogados de Yoon condenaram a tentativa de prisão como "ilegal" e prometeram tomar medidas legais para contestá-la. O presidente suspenso ainda defende sua decisão do início de dezembro, apesar da grave perturbação política que ela causou, já que o primeiro presidente interino também foi demitido antes de Choi Sang-mok assumir o cargo.
Em uma carta distribuída na quarta-feira a seus apoiadores mais radicais, que estavam em grande número do lado de fora de sua casa, Yoon prometeu "lutar até o fim", repetindo seus ataques a elementos internos e externos que "ameaçam" a Coreia do Sul, que ele já havia formulado quando declarou a lei marcial.
Em meio a essa crise, o chefe da diplomacia dos EUA, Antony Blinken, é esperado no país na segunda-feira (6) para se encontrar com o secretário de Estado Cho Tae-yul e "reafirmar a aliança inabalável" entre Washington e Seul, de acordo com o Departamento de Estado dos EUA.
As discussões também se concentrarão nos distúrbios em andamento e na ameaça à segurança representada pela vizinha Coreia do Norte.
Blinken anunciou ainda que, entre os dias 4 e 9 de janeiro, visitará a Coreia do Sul, o Japão e a França.
(Com AFP)