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Bandidos em dupla já clonam chave a distância e levam carro em segundos

Criminoso usa aparelho para copiar a distância o sinal da chave presencial e o repassar a outro bandido ao lado do carro, que consegue abrir as portas e dar a partida no motor  - Divulgação
Criminoso usa aparelho para copiar a distância o sinal da chave presencial e o repassar a outro bandido ao lado do carro, que consegue abrir as portas e dar a partida no motor Imagem: Divulgação
do UOL

Alessandro Reis

Do UOL, em São Paulo (SP)

04/01/2025 05h30

Cada vez mais modernos e conectados, os carros hoje têm tecnologias que trazem comodidade aos usuários, mas também podem facilitar o furto de veículos.

A chave presencial, aquela que permite abrir as portas e dar a ignição por aproximação, sem a necessidade de tirá-la do bolso, é um exemplo desse perigo: bandidos conseguem literalmente clonar essa chave sem tocar nela.

O golpe, também aplicado em computadores e outros dispositivos eletrônicos, é um médoto hacker conhecido como "relay attack" e que envolve a ação de dois criminosos.

A dupla de bandidos divide funções. Funciona assim: o primeiro carrega na mochila um dispositivo que, ao se aproximar, "rouba" o código da chave presencial e o transmite para outro aparelho, que pode ser um smartphone com software específico.

Com esse aparelho, o segundo bandido, posicionado ao lado do automóvel, consegue destravar as portas, entrar na cabine e escapar com o carro.

Tudo acontece rapidamente, sem a vítima perceber, e a prática requer equipamentos facilmente adquiridos na internet, por um preço relativamente baixo.

"Estou certo de que esse é apenas o início de algo que vai se tornar muito maior no Brasil. A quantidade de veículos vulneráveis a essa técnica já é grande no país e irá crescer. Hoje é mais fácil furtar um carro keyless do que um convencional e isso fomenta esse tipo de ação criminosa", destaca Ricardo Tavares, especialista em segurança cibernética.

Reportagem da RecordTV veiculada em 2022 mostrou o furto de dois veiculos equipados com sensor de chave, da mesma forma como Tavares descreveu - uma das vítimas teve a chave clonada em uma padaria da capital paulista.

'Vulnerabilidade pode variar'

Chaves presenciais usam basicamente a mesma tecnologia, mas algumas são menos suscetíveis a ataques - Luiz Carlos Marauskas/Folhapress - Luiz Carlos Marauskas/Folhapress
Chaves presenciais usam basicamente a mesma tecnologia, mas algumas são menos suscetíveis a ataques
Imagem: Luiz Carlos Marauskas/Folhapress

Tavares explica que as chaves presenciais utilizam um sinal de rádio emitido por meio de pulsos, comunicando-se o tempo inteiro com sensores instalados no veículo.

Esse sinal contém um código de segurança que deve ser reconhecido pelo automóvel para liberar a abertura das portas e a partida do motor.

Segundo o especialista, a tecnologia atualmente utilizada pelas montadoras tem o mesmo princípio, contudo algumas marcas acrescentam "camadas" adicionais de segurança e criptografia.

"Existem carros que geram um novo código aleatoriamente sempre que o carro é trancado. Outros mantêm o mesmo indefinidamente. Por isso, se um veículo for recuperado após essa modalidade de furto, recomendo solicitar em uma concessionária a recodificação da respectiva chave",

Na visão de Tavares, isso faz com que alguns modelos keyless sejam menos suscetíveis à clonagem do sinal do que outros.

"A responsabilidade é das montadoras, algumas das quais têm oferecido chaves presenciais inseguras".

Mesmo com rastreador, carro pode ser furtado

Conhecido como jammer ou 'capetinha', embaralhador de sinal serve para impedir rastreamento - Reprodução - Reprodução
Conhecido como jammer ou 'capetinha', embaralhador de sinal serve para impedir rastreamento do veículo
Imagem: Reprodução

Já de posse do veículo furtado, os criminosos usam outro dispositivo, chamado de "jammer", para impedir que carros equipados com rastreador sejam localizados. O equipamento "embaralha" o sinal de rastreio, explica Rafael Narezzi.

"Isso mostra como os criminosos estão evoluindo no mundo digital. Até mesmo os carros com serviços de rastreamento eles conseguem levar".

Logo após o furto, os bandidos embaralham o sinal de rastreio, para que não se tenha registro da rota que foi feita após o crime.

Isso acontece durante breve período. Em seguida, eles costumam abandonar o carro em um local público, mas sem muito movimento, e esperam para ver se ninguém vai buscá-lo.

Caso contrário, removem o equipamento de rastreio e providenciam toda a logística para que o automóvel seja efetivamente levado.

Como evitar

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Recipiente que bloqueia o sinal da chave 'keyless' pode facilmente ser comprado na internet e evita furto
Imagem: Divulgação

Existe uma solução relativamente simples e barata para se prevenir de ataques do tipo. É possível comprar na internet uma espécie de estojo no qual você coloca a chave do veículo dentro. Ele bloqueia o sinal de rádio emitido pela chave, impedindo que hackers 'roubem' o código

Outra solução, ainda mais acessível, é embrulhar a chave com papel alumínio, destaca Ricardo Tavares.

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