Ibovespa recua e caminha para 4ª queda semanal seguida
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa caía nesta sexta-feira, a caminho de registrar seu quarto declínio semanal consecutivo, ainda sob o pessimismo do mercado com o quadro fiscal da economia brasileira e os juros altos, e com uma agenda doméstica vazia sem fornecer gatilhos relevantes que ancorassem o índice.
Por volta de 11h10, o Ibovespa, índice de referência do mercado acionário brasileiro, recuava 0,61%, a 119.396,06 pontos, tendo marcado 119.330,34 pontos na mínima e 120.355,51 pontos na máxima da sessão até o momento.
O volume financeiro somava 2,28 bilhões de reais no pregão.
Para o analista-chefe da Planner Investimentos, Mario Mariante, a expectativa é de uma percepção mais clara da tendência do indicador a partir da próxima semana. "Mas seguimos sem otimismo para o mercado no curto prazo, mesmo com preços relativamente descontados em boas empresas", afirmou.
Estrategistas da XP adotaram uma visão neutra para as ações brasileiras neste ano, com os riscos de revisões de lucro para baixo, devido aos juros mais elevados, ofuscando os preços descontados das ações.
"Ciclos de alta de juros historicamente são negativos para a Bolsa brasileira", disseram os especialistas, liderados por Fernando Ferreira, em relatório a clientes.
A equipe reduziu a estimativa de valor justo do Ibovespa para o final de 2025 de 150 mil para 145 mil pontos, de modo a levar em consideração o cenário de juros mais elevados.
Segundo Mariante, da Planner, o cenário político adverso e o sentimento de que não haverá mudanças nesse sentido no curto prazo devem manter os investidores aversos ao risco e voltados para a renda fixa, sem apostar numa recuperação da bolsa.
Nos Estados Unidos, os futuros acionários indicavam uma abertura positiva para as bolsas, com investidores atentos aos próximos dados econômicos e se preparando para possíveis mudanças na política sob o novo governo de Donald Trump.
DESTAQUES
- PETROBRAS PN caía 0,41%, apesar da recuperação nos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent ganhava 0,22%. A estatal informou na véspera que elevou em aproximadamente 7% o preço médio do querosene de aviação (QAV) que será vendido a distribuidoras em janeiro, em praças como Guarulhos (SP), Betim (MG) e Duque de Caxias (RJ).
- VALE ON perdia 1,01%, tendo como pano de fundo a baixa dos contratos futuros do minério de ferro na China, com alguns traders liquidando posições compradas devido à demanda fraca depois que a maioria das siderúrgicas da China concluiu o reabastecimento de matérias-primas antes do feriado. O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com queda de 2,18%, a 764 iuanes (104,66 dólares) a tonelada.
- ITAÚ UNIBANCO PN perdia 0,56%, BRADESCO PN cedia 0,56%, SANTANDER BRASIL UNIT tinha em baixa de 0,67% e BANCO DO BRASIL ON recuava 0,46%.
- ENEVA ON subia 4,82%, após forte queda na véspera em meio à divulgação de regras pelo Ministério de Minas e Energia para a realização de um leilão de energia, algumas das quais impediriam a Eneva de tentar recontratar certas usinas. Analistas do BTG Pactual consideraram a reação desproporcional e disseram que há uma oportunidade de negociação muito assimétrica sobre o papel.