Ex-militar e morador do Texas: quem era o suspeito de ataque nos EUA
O suspeito de atropelar e matar 15 pessoas e ferir outras 35 em Nova Orleans, no estado americano da Louisiana, foi identificado pelas autoridades dos Estados Unidos como Shamsud-Din Jabbar, 42, um ex-militar e cidadão americano. Ele foi morto pela polícia.
Quem era o autor do ataque
Shamsud-Din Jabbar era cidadão norte-americano e morava no Texas. Segundo o FBI —a polícia federal norte-americana—, o suspeito é um ex-militar que teria servido nas forças armadas dos EUA. As autoridades, no entanto, não divulgaram detalhes do registro militar do acusado de ser o responsável pelo ataque.
Homem pode ter sido dispensado do Exército. "Acreditamos que ele foi dispensado com honra, mas estamos trabalhando nesse processo, descobrindo todas essas informações", disse Alethea Duncan, agente especial assistente do FBI. Detalhes do caso foram revelados em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (1º).
O acusado serviu no Exército na ativa de 2006 a 2015. De acordo com informações publicadas pela emissora NBC News, Jabbar também serviu na reserva das forças armadas de 2015 a 2020. Ele foi destacado para o Afeganistão em 2009 e atuou como escriturário administrativo. O suspeito era sargento em 2020, quando foi dispensado com honras.
Registros criminais do Texas mostram que Jabbar já havia sido acusado em 2002 por furto qualificado. Ainda segundo detalhes obtidos pela NBC News, três anos depois, em 2005, ele foi autuado por dirigir com carteira de motorista inválida.
Em um vídeo publicado no YouTube em 2020, Jabbar disse que nasceu em Beaumont, no Texas. O homem detalhou ainda que trabalhou no mercado imobiliário depois de servir uma década nas forças armadas.
Familiares estariam em choque após a notícia. A reportagem da NBC cita uma mulher que se identificou como cunhada de Jabbar. Ela pediu para não ser identificada, mas disse que parentes no Texas ficaram em choque quando ouviram a notícia. "Não faz sentido nenhum", disse. "Ele é a pessoa mais legal que já conheci", acrescentou. "Eu realmente não sei o que aconteceu. Ele era um bom homem. Ele cuida dos filhos e de tudo", finalizou.
Bandeira de grupo terrorista foi encontrada no carro, diz polícia
Uma bandeira do grupo terrorista Estado Islâmico foi encontrada no carro de Jabbar, segundo a polícia. Armas e explosivos também foram localizados no veículo. Os investigadores trabalham para descobrir se o autor mantinha ligações políticas ou religiosas com a organização terrorista.
O suspeito atropelou as pessoas com uma caminhonete da marca Ford. O ataque ocorreu por volta de 3h15 no horário local (6h15 no horário de Brasília) desta quarta-feira. O FBI investiga o ataque como terrorismo. Além de matar 15 pessoas, o atropelamento também feriu 35. Não há detalhes do estado de saúde dos feridos.
Jabbar usava colete à prova de bala e capacete na hora do ataque. A informação consta em um boletim de inteligência obtido pela agência de notícias Associated Press.
Polícia suspeita que o ex-militar não agiu sozinho. Os investigadores acreditam que Shamsud-Din Jabbar pode ter recebido ajuda para planejar o ataque. Autoridades federais e locais estão trabalhando em conjunto para descobrir a motivação por trás do ataque e determinar se Jabbar agiu sozinho ou com a ajuda de cúmplices.
FBI pediu ajuda aos cidadãos dos EUA. Agente especial Alethea Duncan fez um apelo para qualquer pessoa que tenha interagido com Jabbar nas últimas 72 horas entre em contato com o FBI para compartilhar informações, e enviar fotos e vídeos.
O atropelamento
Atropelamento foi intencional, segundo a polícia. A superintendente Anne Kirkpatrick declarou que o suspeito demonstrou "comportamento muito intencional" e que estava "tentando atropelar o máximo de pessoas possível".
Após o ataque, o motorista atirou contra a polícia, atingindo dois oficiais. Ambos passam bem, informou Kirkpatrick. "Ontem à noite, tivemos mais de 300 policiais aqui (...) ele [motorista] estava decidido a provocar uma carnificina", afirmou.
Em seguida, o condutor foi morto pela polícia. "Depois que o veículo parou, o suspeito teria aberto fogo contra os policiais que responderam, que revidaram", afirmou o Departamento de Polícia de Nova Orleans. O FBI confirmou. Ainda não há informações sobre a motivação do crime.
Moradores locais e turistas se reuniam na avenida para assistir a um concerto ao ar livre e à contagem regressiva para o Ano-Novo. A região também estava lotada porque os restaurantes ofereciam promoções e apresentações especiais.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, interrompeu sua agenda para lidar com a crise. "Não há justificativa para nenhum tipo de violência e não toleraremos nenhum ataque a nenhuma das comunidades de nosso país", disse o presidente. "Biden entrou em contato com a prefeita de Nova Orleans, Cantrell, para oferecer apoio", informa um comunicado da Casa Branca. "O presidente continuará a ser informado ao longo do dia."
Donald Trump, que assume a presidência em 20 dias, usou o caso para reforçar seu discurso contra imigração. "Quando eu disse que os criminosos que chegam são muito piores do que os criminosos que temos em nosso país, essa afirmação foi constantemente refutada pelos democratas e pela mídia fake news, mas acabou sendo verdade. A taxa de criminalidade em nosso país está em um nível que ninguém jamais viu antes", atacou Trump.
O presidente da Câmara dos EUA, Mike Johnson, chamou o ataque de "um ato de pura maldade". "A justiça deve ser rápida para qualquer um que esteja envolvido", afirmou no X. "Por favor, junte-se a nós em oração pelas vítimas, suas famílias e os primeiros socorristas e investigadores."
Pânico
"Tudo o que vi foi um veículo atropelando todo mundo no lado esquerdo da calçada da Bourbon [Street]". A testemunha foi Kevin Garcia, 22, que afirmou à CNN também ter ouvido tiros.
Após o atropelamento, houve pânico. "Todo mundo começou a gritar, berrar e correr para os fundos [de uma casa noturna], e então fomos confinados por um tempo até que tudo se acalmasse, mas eles [da boate] não nos deixaram sair", afirmou Whit Davis, 22, que saía do local quando testemunhou o incidente.
Vi alguns corpos que eles nem conseguiram cobrir e toneladas de pessoas recebendo primeiros socorros.
Whit Davis, testemunha
O ataque no popular French Quarter ocorreu poucas horas antes da cidade sediar o The Sugar Bowl. O jogo anual de futebol americano será disputado entre a Universidade da Geórgia e a de Notre Dame.