Irã suspende proibição ao Whatsapp, mas mantém outras restrições
As autoridades iranianas suspenderam a proibição de mais de dois anos do aplicativo de mensagens WhatsApp e do Google Play, que foram bloqueados durante as manifestações de 2022 após a morte da jovem curda Mahsa Amini.
Nem todos perceberam imediatamente essa medida, em vigor desde 24 de dezembro, acostumados a contornar as restrições da Internet na República Islâmica.
"O bloqueio foi realmente suspenso?", perguntou surpreso Ardavan Yusefi, de 31 anos, proprietário de um café em Teerã, que enviou uma mensagem depois de desconectar seu VPN, a rede virtual privada usada para contornar as restrições.
As autoridades bloquearam o WhatsApp, o Google Play e o Instagram durante os protestos desencadeados em setembro de 2022 pela morte de Mahsa Amini, uma mulher curda iraniana de 22 anos que foi presa por supostamente desrespeitar o rigoroso código de vestimenta islâmico.
A suspensão do bloqueio dos dois primeiros aplicativos ocorre em um momento difícil para os iranianos, que enfrentam o aumento dos preços, uma moeda desvalorizada e sanções internacionais que prejudicam a economia.
A medida tem "a intenção de criar um mínimo de satisfação pública", disse Amir Rashidi, diretor de direitos digitais e segurança do Miaan Group, com sede em Nova York.
O desbloqueio do Google Play "não representa uma ameaça significativa à estabilidade da República Islâmica, pois não é uma plataforma para dissidência política", enfatizou Rashidi.
Da mesma forma, o WhatsApp "é menos popular no Irã" do que outros aplicativos, como o Instagram e o Telegram.
O acesso ao Facebook, X e YouTube tem sido restrito desde 2009.
O ex-presidente ultraconservador Ebrahim Raisi acusou os aplicativos de fomentar protestos após a morte de Amini e disse que eles só seriam restabelecidos se tivessem um representante legal no país.
Entretanto, o atual presidente, Masud Pezeshkian, que assumiu o cargo em julho, prometeu durante sua campanha que diminuiria as restrições à Internet.
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