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Violência policial: baleada no RJ e tiro por filmar aumentam lista de casos

Desde o mês passado, a Polícia Militar de São Paulo ocupou o noticiário por uma série de episódios de violência policial - Divulgação
Desde o mês passado, a Polícia Militar de São Paulo ocupou o noticiário por uma série de episódios de violência policial Imagem: Divulgação
do UOL

Do UOL, em São Paulo

28/12/2024 05h30

Na última semana, ao menos mais três ocorrências se somaram à lista de casos de violência policial: tiros disparados por agentes da PRF balearam uma mulher na cabeça em Duque de Caxias (RJ), um PM atirou à queima-roupa em um rapaz que gravava uma abordagem em São Paulo e um outro PM foi flagrado agredindo um motociclista na zona leste de São Paulo. Relembre os principais casos que repercutiram nos últimos dois meses.

PM atirou à queima-roupa em jovem que gravava abordagem

Câmeras de segurança registraram a ação da polícia durante a ocorrência em Osasco, na Grande São Paulo - Reprodução/TV Globo - Reprodução/TV Globo
Câmeras de segurança registraram a ação da polícia durante a ocorrência em Osasco, na Grande São Paulo
Imagem: Reprodução/TV Globo

Um policial militar foi flagrado dando um tiro à queima-roupa em um jovem de 24 anos que gravava a abordagem no dia de Natal (25). O caso ocorreu na rua Eusébio de Paula Marcondes, no bairro Jardim d'Abril, na zona oeste da capital paulista.

Inicialmente, a SSP-SP (Secretaria da Segurança Pública de São Paulo) disse que o rapaz baleado "tentou tirar a arma de um policial". Depois, a pasta enviou outra nota afirmando que o "homem agrediu um policial" e não cita a suposta tentativa de retirar o armamento do agente.

Homem está em estado grave, internado na UTI. Paciente está sob cuidados intensivos no Hospital Municipal Antônio Giglio, informou a prefeitura de Osasco ao UOL.

PMs foram afastados e corporação instaurou inquérito. Um IPM (Inquérito Policial Militar) vai apurar a ocorrência "rigorosamente", segundo SSP, e as imagens registradas pelas câmeras corporais dos agentes também serão anexadas ao inquérito.

Jovem foi baleada na cabeça por PRFs no RJ

Juliana Leite Rangel, 26, foi baleada na cabeça durante abordagem da PRF no RJ, na véspera de Natal - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Juliana Leite Rangel, 26, foi baleada na cabeça durante abordagem da PRF no RJ, na véspera de Natal
Imagem: Reprodução/Instagram

Juliana Leite Rangel levou um tiro na cabeça durante uma operação da PRF na rodovia Washington Luís (BR-040) na véspera de Natal (24). Ela seguia para Niterói, onde passaria a ceia de Natal com a família.

"Já foram metendo bala em cima do meu carro", disse o pai da jovem, Alexandre Silva Rangel, 53, em um vídeo que circula nas redes sociais. Ele, que dirigia o veículo, contou que, assim que ouviu a sirene da viatura, deu seta imediatamente indicando que iria encostar o carro.

"Acertou um tiro de fuzil na cabeça da minha filha", disse Alexandre. Ele mostrou que o mesmo tiro passou de raspão em seu dedo.

Juliana teve pequena melhora, mas segue em estado gravíssimo.

PM agride homem rendido com golpes de capacete e chutes

PM foi flagrado agredindo motociclista rendido em abordagem na quarta-feira (25). O caso ocorreu na Avenida Jacu Pêssego, na zona leste de São Paulo, onde uma testemunha filmou a cena.

Registro mostra um dos dois PMs que atendem a ocorrência chutando o homem já caído no chão. O PM ainda pega o capacete do motociclista na via e joga contra a cabeça dele, enquanto ele tentava se levantar, mancando. O outro não toma qualquer atitude frente às agressões do colega.

Página que compartilhou o vídeo diz que o suspeito teria tentado fugir da abordagem. Procurada pelo UOL, a SSP-SP disse que não encontrou o registro da ocorrência na Polícia Civil. Em razão disso, não se sabe se o homem agredido foi preso, mas que uma investigação preliminar foi aberta para apurar o caso.

Homem foi jogado de ponte por policial militar

O entregador Marcelo Amaral foi jogado de cima de uma ponte pelo policial militar Luan Felipe Alves Pereira, no dia 1º de dezembro. Ele não teve ferimentos graves, e passou a ser perseguido por PMs da Rocam após fugir de uma abordagem quando conduzia uma moto sem placa na noite de domingo (1º) em Diadema, na Grande São Paulo.

"Quase morri na mão de um policial que estava desequilibrado. Não tem o que falar. O que passou na mente dele pra ele me jogar da ponte?". A fala foi concedida pela vítima, o entregador Marcelo Amaral, com exclusividade ao Fantástico (TV Globo).

Segundo Marcelo Amaral, Pereira disse que a vítima teria duas opções: "Ou você pula da ponte ou eu jogo você e sua motocicleta daqui". Na entrevista, o rapaz contou que falou para o agente que não era ladrão e que a motocicleta não era roubada: "Minha moto tá certinha. Nada de errado", teria dito o rapaz ao policial. "Em nenhum momento também da abordagem, eles pediram o meu documento, a documentação da moto." Depois, o jovem foi jogado da ponte.

SSP disse que determinou o afastamento imediato de 13 policiais militares envolvidos na ocorrência. Luan Felipe Alves Pereira foi preso e indiciado por tentativa de homicídio.

Estudante de medicina foi morto à queima-roupa por policiais em São Paulo

Um policial militar matou o estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos, com um tiro à queima-roupa em um hotel na zona sul de São Paulo, na madrugada do dia 20 de novembro. Os policiais envolvidos no caso foram afastados.

Os policiais chegaram ao local e viram o estudante "bastante alterado" e agressivo, segundo o boletim de ocorrência. Ele chegou a ir para cima dos policiais.

Um vídeo de câmera de segurança flagrou o momento em que o estudante é morto. Ele volta ao hotel enquanto é perseguido pelos agentes e é puxado pelos policiais.

Um dos policiais cai no chão após Marco Aurélio puxar a perna dele. Nesse momento, o outro agente atira à queima-roupa.

Menino Ryan, de 4 anos, foi morto pela polícia enquanto brincava na rua

Ryan da Silva Andrade Santos, de 4 anos, morreu ao ser atingido por um tiro em meio a uma operação policial em Santos - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Ryan da Silva Andrade Santos, de 4 anos, morreu ao ser atingido por um tiro em meio a uma operação policial em Santos
Imagem: Arquivo pessoal

Ryan da Silva Andrade Santos, de 4 anos, morreu após ser atingido por um tiro durante uma ação policial dentro do Morro do São Bento, em Santos. Ryan chegou a ser levado à Santa Casa, mas não resistiu ao ferimento.

A PM disse que fazia patrulhamento quando foi atacada por um grupo de dez suspeitos e revidou disparos. Além de Ryan, um adolescente de 17 anos morreu e outro de 15 foi baleado na ação. Moradores contestam a versão da PM e negam o confronto.

Mãe de menino disse que tinha uma medida de proteção contra a PM após a morte do marido. Ryan era filho de Leonel Andrade, homem fotografado de muletas e sentado na calçada, um hora antes de ser morto na Operação Verão em fevereiro. Questionada, a SSP não se posicionou sobre o caso.

Jovem negro foi morto com 12 tiros em Oxxo após furtar sabão em pó

Gabriel Renan da Silva Soares, de 26 anos, foi morto após furtar itens de limpeza no Oxxo da avenida Cupecê, no Jardim Prudência, zona sul de São Paulo, no dia 3 de novembro. Um vídeo compartilhado pelo tio do jovem, o rapper Eduardo Taddeo, mostra o rapaz caindo no chão, na porta do estabelecimento, após escorregar. O PM Vinícius de Lima Britto, que estava de folga e no caixa do local, percebe que Gabriel se levanta e tenta pegar os itens furtados e o atinge nas costas diversas vezes.

PM foi preso. Britto está no presídio Romão Gomes desde que a Justiça determinar sua prisão e o tornar réu.

O UOL apurou que Vinícius já foi reprovado, em 2021, no teste psicológico realizado para entrar na Polícia Militar de São Paulo. Os profissionais que analisaram o agente apontaram "descontrole emocional" e tendência a "agir fortemente por meio de condutas instáveis e imprevisíveis", tendo uma personalidade "instável". Ele foi aprovado posteriormente no concurso.

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