Topo
Notícias

Taxas longas sobem e curtas caem com mercado de olho em dados de inflação e emprego

27/12/2024 16h41

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - A última semana cheia do ano terminou na mesma toada de sessões mais recentes, com as taxas dos DIs de longo prazo em alta firme em meio à desconfiança na política fiscal do governo Lula, apesar de certo alívio na ponta curta trazido por alguns dados de inflação e emprego desta sexta-feira.

No fim da tarde, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2026 estava em 15,33%, em baixa de 3 pontos-base ante 15,357% do ajuste anterior. Já a taxa do contrato para janeiro de 2027 marcava 15,745%, ante o ajuste de 15,63%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 15,26%, ante 14,965% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 15,03%, em alta de 32 pontos-base ante 14,712%.

No exterior, o dia foi de certa volatilidade para os rendimentos dos Treasuries, mas eles se mantiveram em alta na ponta longa durante a maior parte do dia, o que dava suporte às taxas dos DIs no Brasil.

Mas o destaque do dia foram os dados locais divulgados pela manhã.

O IBGE informou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), considerado uma prévia da inflação oficial, subiu 0,34% em dezembro, após alta de 0,62% no mês anterior.

“O IPCA-15 de dezembro veio abaixo da nossa expectativa e do consenso do mercado, com surpresa baixista em passagem aérea, possivelmente com alguma devolução do resultado mais alto na leitura de novembro”, comentou a economista Luciana Rabelo, do departamento de pesquisa macroeconômica do Itaú, em análise enviada a clientes.

“Apesar dessa surpresa baixista, o qualitativo seguiu piorando na margem (mais do que o esperado), com aceleração em serviços subjacentes, refletindo altas maiores do que o projetado em alimentação fora do domicílio e cinema, além dos grupos mais ligados à atividade econômica que seguiram rodando em patamar alto”, acrescentou.

Também conforme o IBGE, a taxa de desemprego no trimestre até novembro ficou em 6,1%, em linha com a mediana das projeções dos economistas.

Em outra divulgação, o Ministério do Trabalho e Emprego informou que o Brasil abriu 106.625 vagas formais de trabalho em novembro, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O resultado ficou abaixo da expectativa de economistas apontada em pesquisa da Reuters, de criação líquida de 129.500 vagas.

O saldo de novembro também foi o menor para o mês desde 2019, quando houve abertura de 99.232 vagas, segundo dados sem ajustes, não incluindo informações prestadas pelas empresas fora do prazo.

Embora os dados do IPCA-15 cheio e do emprego formal sugerissem certo alívio, a curva seguiu abrindo nesta sexta-feira entre os vencimentos a partir de janeiro de 2027, sem que surgissem notícias de impacto para amenizar as preocupações com o fiscal.

Durante a sessão o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, negou a liberação de 4,2 bilhões de reais em emendas parlamentares, pedida pela Câmara, e solicitou mais informações aos parlamentares. Pela manhã, em mais um episódio da queda de braço entre o Congresso e o ministro do STF, a advocacia da Câmara dos Deputados havia enviado uma petição ao STF alegando que não havia irregularidades nas emendas a serem liberadas e pedindo o desbloqueio de recursos.

Na ponta curta da curva, os prêmios cederam nesta sexta-feira, ainda que a precificação siga apontando para uma Selic ainda mais elevada em janeiro.

Perto do fechamento, a curva brasileira precificava 57% de probabilidade de alta de 125 pontos-base da Selic no próximo mês e 43% de chance de elevação de 150 pontos-base. Na quinta-feira, os percentuais estavam em 36% e 64%, respectivamente. Atualmente a Selic está em 12,25% ao ano.

No exterior, às 16h35, o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- subia 4 pontos-base, a 4,615%.

Notícias