Rebeldes iemenitas revidam e reivindicam ataque com míssel ao aeroporto de Tel Aviv em Israel
Os rebeldes Houthi do Iêmen, apoiados pelo Irã, afirmaram nesta sexta-feira (27) ter disparado um míssil contra o aeroporto Ben Gurion de Israel, um dia depois dos ataques israelenses ao aeroporto de Sanaa e a outros alvos em áreas sob seu controle. Os ataques israelenses da quinta-feira (26) tiveram como alvo locais controlados pelos houthis no Iêmen, incluindo o aeroporto da capital, onde se encontrava o chefe da Organização Mundial de Saúde (OMS), matando pelo menos seis pessoas.
Em um comunicado, os houthis disseram que também haviam disparado drones contra Tel Aviv e um navio no Mar da Arábia. "A agressão israelense só fortalecerá a determinação e a vontade do povo iemenita de continuar apoiando o povo palestino", disseram.
O exército israelense havia dito anteriormente que um míssil que tinha como alvo a região central de Israel havia sido interceptado antes de atingir o território israelense, sem dar detalhes de outros ataques.
Quatro pessoas foram mortas no ataque ao aeroporto na quinta-feira e cerca de 20 turistas e funcionários ficaram feridos, disse Fayçal al-Sayani, vice-ministro dos transportes do governo rebelde, nesta sexta-feira. Duas outras pessoas foram mortas em outras partes do país em ataques israelenses, de acordo com os houthis.
Ataque ao aeroporto onde estava chefe da OMS
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, estava no aeroporto da capital no momento do bombardeio de quinta-feira e reportou no X que estava "são e salvo".
No entanto, um membro da tripulação de seu avião ficou ferido. Tedros faz parte de uma delegação que está visitando o Iêmen para tentar garantir a libertação de 17 funcionários da ONU detidos pelos rebeldes houthis e fazer um balanço da situação catastrófica da saúde no país, que se encontra no auge de uma guerra civil.
De acordo com uma declaração da autoridade de aviação civil local, os ataques ocorreram no momento em que a aeronave da delegação da ONU "estava prestes a embarcar".
O exército israelense confirmou os ataques, que, segundo ele, foram realizados contra "alvos militares" em resposta aos "repetidos ataques" dos houthis.
Os houthis, que apoiam declaradamente os palestinos da Faixa de Gaza no conflito contra Israel, controlam vastas áreas do Iêmen, incluindo a capital Sanaa, e são apoiados pelo Irã, o inimigo declarado dos israelenses. Desde o início da guerra desencadeada em Gaza em 7 de outubro de 2023 por um ataque sem precedentes em solo israelense pelo movimento islâmico Hamas, eles lançaram inúmeros ataques contra Israel em "solidariedade" aos palestinos.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu advertiu que seu país continuaria a atacar os houthis "até que o trabalho seja completado". "Estamos determinados a cortar esse ramo terrorista do eixo do mal iraniano".
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, condenou a "escalada" das tensões entre Israel e os houthis em um comunicado. Ele acrescentou que os ataques se seguiram a "um ano de escalada por parte dos houthis".
Na quinta-feira, o aeroporto de Sanaa foi alvo de "mais de seis" ataques, disse uma testemunha à agência AFP. A base aérea de al-Dailami, nas proximidades, também foi alvo. Um total de seis pessoas foram mortas no aeroporto, disseram os houthis em seu canal Telegram.
Desde 2022, apenas a companhia aérea nacional do Iêmen, Yemenia, tem operado um serviço comercial limitado a partir do aeroporto de Sanaa, tendo Amã como seu principal destino. Entre 2016 e 2022, o aeroporto recebeu apenas voos humanitários operados pela ONU.
O aeroporto de Sanaa será reaberto nesta sexta-feira (27), anunciou a autoridade local de aviação civil.
"Nós vamos caçá-los"
Na região de Hodeida, no oeste do Iêmen, uma estação de energia também foi atingida pelos ataques, de acordo com uma testemunha e uma declaração dos rebeldes. Os ataques constituem "um crime sionista contra todo o povo iemenita", disse Mohammed Abdelsalam, porta-voz dos houthis.
O exército israelense disse que também tinha como alvo as usinas elétricas de Hezyaz e Ras Katanib", bem como 'a infraestrutura militar nos portos de Hodeida, Salif e Ras Katanib, na costa oeste'.
"Vamos caçar todos os líderes houthis e atacá-los como fizemos em outros lugares. Ninguém conseguirá escapar", ameaçou o ministro da Defesa, Israel Katz.
Os rebeldes também estão atacando navios que supostamente teriam ligações com Israel, Estados Unidos ou o Reino Unido, no Mar Vermelho e no Golfo de Aden, apesar dos ataques de retaliação em seu território também realizados pelo exército dos EUA.
Eles fazem parte do que o Irã chama de "eixo de resistência" a Israel, que também inclui o Hamas, grupos iraquianos e o Hezbollah libanês. O Irã condenou os ataques israelenses, assim como o Hamas.
Os ataques acontecem um dia depois que os houthis reivindicaram a responsabilidade pelo disparo de um míssil balístico e dois drones contra Israel.
Na segunda-feira, Benjamin Netanyahu disse que havia pedido ao exército para "destruir a infraestrutura" dos rebeldes, cujo míssil, dois dias antes, feriu 16 pessoas em Tel Aviv, no centro de Israel.
A maioria dos ataques dos rebeldes contra Israel foi frustrada ou causou apenas danos materiais. Mas em julho, um civil israelense foi morto em Tel Aviv quando um drone disparado do Iêmen explodiu. Israel também retaliou com ataques mortais em Hodeida.
Os houthis assumiram o controle da capital iemenita em 2014 após uma ofensiva relâmpago, desencadeando um conflito sangrento com o governo reconhecido pela comunidade internacional.
(Com AFP)