Alemanha entra em campanha após presidente dissolver Parlamento; conservadores saem na frente
Com a decisão do presidente alemão Frank-Walter Steinmeier de dissolver o Parlamento e marcar eleições legislativas antecipadas, a Alemanha entrou oficialmente no período eleitoral nesta sexta-feira (27). Os eleitores voltarão às urnas no dia 23 de fevereiro, num contexto de crise econômica no país que é um dos motores da Europa.
Serão apenas dois meses de campanha, um processo que foi antecipado em sete meses em relação à data inicialmente prevista para as eleições na Alemanha. O pleito foi antecipado em consequência da implosão da coligação governamental do chanceler social-democrata, Olaf Scholz.
Os conservadores da CDU, liderados por Friedrich Merz, saem na liderança, com 32% das intenções de voto, à frente do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD, 19%), do SPD (15%) e dos Verdes (13%), de acordo com uma média ponderada das pesquisas desta sexta-feira.
Dado o atual estado de forças políticas no país, um futuro governo liderado pelos conservadores, em coligação com o SPD, constitui o cenário mais provável.
Enquanto aguarda a formação de um futuro governo, Steinmeier lembrou que a democracia alemã funciona "mesmo em períodos de transição".
O governo e o Parlamento permanecem operacionais até que seja formado um novo Bundestag, como é chamado o Parlamento alemão.
Formada pelo SPD, pelos Verdes e pelos liberais do FDP, a aliança no poder desde o fim de 2021 foi desfeita em 6 de novembro, com a demissão por Olaf Scholz do ministro liberal das Finanças. As disputas entre eles em matéria de política econômica e orçamento se tornaram intransponíveis.
O chanceler alemão, o social-democrata Olaf Scholz, perdeu uma moção de confiança no Bundestag, a câmara baixa do Parlamento, em 16 de dezembro. O resultado da votação abriu caminho para a realização de eleições gerais antecipadas, em 23 de fevereiro.
"Desafios do nosso tempo"
Outrora um modelo de estabilidade política, a Alemanha enfrenta uma grave crise. O seu principal parceiro na União Europeia, a França, também está enfraquecido pela ausência de uma maioria parlamentar.
Segundo Frank-Walter Steinmeier, as eleições antecipadas devem permitir alcançar "as melhores soluções para os desafios do nosso tempo", que são intensificados pela "situação econômica incerta".
Ameaçada com uma segunda recessão anual consecutiva, a Alemanha repensa o seu modelo industrial e está preocupada com as repercussões para as suas exportações da eleição de Donald Trump nos Estados Unidos.
Olaf Scholz defende uma flexibilização das regras de endividamento do país e propõe fazer investimentos com vistas a uma retomada da economia, enquanto a oposição conservadora quer a manutenção do controle da dívida.
Entre outras grandes preocupações, Steinmeier citou a "guerras no Oriente Médio e na Ucrânia", bem como "questões de controle e integração dos imigrantes, assim como as mudanças climáticas".
(Com AFP)