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Trinta migrantes morreram por dia tentando chegar a Espanha pelo mar em 2024

Imigrantes em barco na costa europeia - Stuart Brock/via REUTERS
Imigrantes em barco na costa europeia Imagem: Stuart Brock/via REUTERS

Alexis Millares;

26/12/2024 14h24Atualizada em 26/12/2024 17h42

Os dados foram publicados nesta quinta-feira (26) pela ONG espanhola "Caminando Fronteras", que descreveu o balanço como um "profundo fracasso das políticas de resgate". Ao todo, 10.457 migrantes morreram ou desapareceram na tentativa de chegar a Espanha pelo Oceano Atlático ou pelo Mediterrâneo ao longo de 2024, o que significa uma média de 30 mortes por dia.

Ao todo, 10.457 migrantes morreram ou desapareceram na tentativa de chegar a Espanha pelo Oceano Atlântico, ou pelo Mediterrâneo ao longo de 2024, o que significa uma média de 30 mortes por dia.

Os dados foram publicados nesta quinta-feira (26) pela ONG espanhola "Caminando Fronteras", que descreveu o balanço como um "profundo fracasso das políticas de resgate".

Os resultados apontam um aumento no número de vítimas de 58% em relação ao ano anterior, quando 6.618 migrantes morreram ou desapareceram nas rotas migratórias para a Espanha.

A contagem de 2024 reúne dados de 1° de janeiro a 5 de dezembro. Estes são os piores dados desde o início das estatísticas, em 2007.

O balanço decorre de pedidos de ajuda dos próprios migrantes, além de histórias de famílias de desaparecidos ou mortos no caminho do exílio, assim como de estatísticas oficiais de resgates.

Entre as causas mais comuns destas mortes estão: embarcações precárias, rotas cada vez mais perigosas e a falta de meios de resgate no mar.

Quase todas as mortes (9.757) ocorreram na rota que vai do noroeste da África às Ilhas Canárias, atravessando o Oceano Atlântico.

Para Helena Maleno, coordenadora da ONG Caminando Fronteras, "a situação pode melhorar se houver uma decisão política e forem tomadas as medidas adequadas".

Em entrevista a RFI, ela falou sobre a necessidade de proteger ainda mais o direito à vida e denuncia um "abandono do dever de proteção dos direitos das crianças". Maleno alerta para o fato de que "quando estes meninos, meninas e adolescentes chegam à Espanha, muitos não têm documentos e vão para a Europa à mercê da exploração."

Origem

Quanto à origem, estas pessoas que arriscam a vida para chegar à Espanha vêm de pelo menos 28 países, a maioria da África, embora também haja migrantes do Irã e do Paquistão.

As tragédias se concentra principalmente na rota atlântica entre a costa oeste da África e o arquipélago espanhol das Canárias, porque a rota mediterrânea do Marrocos ou da Argélia é rigidamente controlada pela Guarda Costeira. Esse não é o caso das rotas do sul do Marrocos, da Mauritânia ou do Senegal.

Por outro lado, usar embarcações precárias em distâncias de até 1.500 quilômetros e com fortes correntes marítimas é extremamente perigoso, o que explica o número muito alto de mortes no mar.

Foi nas Ilhas Canárias, a 100 quilômetros da África, que sete barcos foram resgatados na quarta-feira (25), dia de Natal, de acordo com informações da Guarda Costeira espanhola.

A ilha de Fuenteventura faz fronteira com a cidade de Tarfaya, no Marrocos. Nos últimos doze meses, chegaram às Ilhas Canárias 43.737 pessoas, um número em alta em relação ao ano anterior.

"Esta rota migratória é muito perigosa. Ela é atualmente a mais mortal no mundo. A instabilidade política, o aumento dos conflitos e as alterações climáticas estão expulsando muitas pessoas desses territórios", acrescenta Maleno.

Esta rota no Oceano Atlântico continua ganhando popularidade porque é menos policiada do que outras rotas no Mediterrâneo.

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