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Na contramão dos juros futuros, Ibovespa obtém leve alta de 0,26%, a 121 mil

São Paulo, 26

26/12/2024 18h35

Desde que mergulhou 3,15% no fechamento de 18 de dezembro, saindo então da linha dos 124 mil para a dos 120 mil pontos, o Ibovespa tem oscilado em margem mais estreita, limitada aos 122 mil, marca vista no encerramento do dia 20, sexta-feira passada. Hoje, faltando duas sessões para o fim do ano, reconquistou por pouco um degrau, aos 121.077,50 pontos, em leve alta de 0,26%, apesar do avanço da curva do DI ante a tensão entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso em torno da liberação de emendas parlamentares - que pode se espraiar a 2025 e afetar a votação de matérias ainda pendentes, e importantes, como o Orçamento federal.

Desde a queda no dia 18, em que cedeu quase 4 mil pontos, o Ibovespa colheu três ganhos e uma perda, mas segue no negativo no mês (-3,65%) e muito distante de zerar as perdas do ano (-9,77%). Hoje, o índice da B3 oscilou dos 120.427,86 aos 121.611,92 pontos, com abertura aos 120.766,57. O giro ficou em R$ 16,2 bilhões na sessão, em que o Ibovespa contou com o apoio das ações de maior liquidez e participação relativa no índice, como Vale (ON +0,29%) e Petrobras (ON +1,26%, na máxima do dia no fechamento; PN +0,39%), além das de grandes bancos (Itaú PN +0,65%; Bradesco ON +1,13%, PN +0,78%; Santander Unit +0,98%; BB ON +1,17%).

Na ponta ganhadora do Ibovespa, destaque nesta quinta-feira para IRB (+11,30%), Brava (+6,64%) e Pão de Açúcar (+5,35%). No lado oposto, CVC (-7,74%), Magazine Luiza (-6,45%) e Minerva (-4,04%).

"As duas últimas semanas do ano costumam ter liquidez reduzida, mas o Ibovespa conseguiu emplacar uma pequena alta, vindo de um pregão difícil na sessão anterior, com abertura na curva de juros doméstica, hoje, ainda em razão das incertezas fiscais e sobre a trajetória da dívida pública em relação ao PIB. O governo perdeu o benefício da dúvida, e isso fica muito claro na precificação dos ativos", diz Henrique Cavalcante, analista da Empiricus Research, referindo-se em especial ao prosseguimento da pressão na curva do DI, que afeta principalmente as ações sensíveis a juros e correlacionadas ao ciclo doméstico, como as de consumo.

Assim, enquanto o índice de consumo fechou o dia em baixa de 0,82%, limitando a progressão do Ibovespa nesta quinta-feira, o de materiais básicos, correlacionado a preços e demanda formados no exterior, subiu hoje 0,31%.

Cavalcante menciona, também, "componente de dúvida adicional" sobre a questão fiscal desde que o ministro Flávio Dino, do STF, bloqueou o pagamento de emendas parlamentares que tinham entrado nas negociações para a aprovação do pacote de cortes de gastos pelo Congresso. "O Orçamento de 2025 será votado em fevereiro ou março, após o recesso de início de ano, e o governo tende a encontrar um Congresso mais rígido e reticente com esse bloqueio de emendas, o que preocupa o mercado depois de um pacote de cortes que foi desidratado", acrescenta o analista.

Em meio ao impasse sobre as emendas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), estiveram reunidos nesta tarde em Brasília, no Palácio da Alvorada. O encontro ocorre três dias depois de o ministro Flávio Dino determinar o bloqueio de R$ 4,2 bilhões em emendas parlamentares.

Como mostrou o Estadão/Broadcast, parlamentares dizem que a ação de Dino trouxe nova tensão entre Judiciário e Legislativo. O senador Ângelo Coronel (PSD-BA), relator do Orçamento de 2025, disse que só colocará a matéria para ser votada quando as regras da emendas estiverem pacificadas e quando não houver "fogo cruzado" entre os Poderes, reporta de Brasília a jornalista Sofia Aguiar, do Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado).

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