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Papa celebra Natal e inaugura Jubileu 2025, "Ano Santo" na Igreja Católica

24/12/2024 08h34

O papa Francisco inagura neste 24 de dezembro o Jubileu 2025 no Vaticano, com o rito de abertura da Porta Santa da Basílica de São Pedro nesta noite (15h em Brasília). Este momento especial da Igreja Católica, que ocorre a cada 25 anos, vai durar até 6 de janeiro de 2026. Roma espera receber mais de 30 milhões de peregrinos durante o período. 
 

Gina Marques, correspondente da RFI em Roma

A expectativa é que 30 mil pessoas participem da abertura do "Ano Santo" nesta terça-feira. Outro grande compromisso do sumo pontífice de 88 anos será a aguardada missa de Natal na Basílica de São Pedro, antes da tradicional bênção "Urbi e Orbi" (à cidade e ao mundo) na quarta-feira. Acredita-se que Francisco deva fazer um balanço dos conflitos no mundo e renovar os apelos por um cessar-fogo no Oriente Médio, três dias depois das duras críticas contra os bombardeios na Faixa de Gaza, que irritaram Israel

Após o ataque contra a feira de Natal na Alemanha, na última sexta-feira (20), a segurança está reforçada para os eventos no Vaticano. Segundo o Ministério italiano do Interior, cerca de 700 policiais foram mobilizados e mais de 800 câmeras de vigilância estão sendo instaladas em diversos pontos do centro de Roma.

O ano do perdão

Na Igreja Católica, o Jubileu também é chamado "Ano Santo" e considerado o ano do perdão. Suas origens estão no Antigo Testamento, embora o primeiro ano santo oficial tenha sido proclamado pelo Papa Bonifácio VIII, que levou uma multidão de 200 mil peregrinos a Roma.

Segundo a tradição, os fiéis que visitarem as Basílicas Papais de Roma durante o Jubileu, podem obter a "indulgência plenária", o perdão dos pecados e reconciliação. Mas é necessário realizar algumas práticas, como se confessar, visitar um lugar sagrado ou praticar caridade. 

Segundo a tradição católica, não é preciso ir a Roma para obter as indulgências: elas podem ser recebidas na própria cidade. Por exemplo, em São Paulo, a arquidiocese indicou 12 igrejas para peregrinação.

Novidades do Papa Francisco

O último Jubileu Ordinário ocorreu no ano 2000, durante o pontificado de João Paulo II. Vale lembrar que os papas podem convocar Jubileus extraordinários em períodos diferentes. Em 2015, o papa convocou um Jubileu com ênfase na misericórdia. Neste ano, o sumo pontífice escolheu a esperança como tema. 

Além da Porta Santa na Basílica de São Pedro, Francisco vai reabrir as portas das outras três basílicas mais importantes de Roma - São João de Latrão, em 29 de dezembro, Santa Maria Maior, em 1° de janeiro, e São Paulo Fora dos Muros, em 5 de janeiro. 

A novidade é que o sumo pontífice quis elevar à condição de Porta Santa uma entrada da capela da penitenciária de Rebibbia, no dia 26 de dezembro, "para oferecer aos presos um sinal de proximidade e dar esperança". 

Outro gesto inédito: Francisco propôs um dia do Jubileu dedicado aos católicos LGBTQIA+. O evento estava previsto para 6 de setembro, mas foi retirado do calendário oficial porque, segundo o Vaticano, "faltavam informações, como o número de participantes e o tipo do evento". 

A assessoria de imprensa do Jubileu comunicou que o evento voltará à programação logo que as informações necessárias forem apuradas. Segundo o comunicado, esses dados foram pedidos a todas as associações que querem participar das festividades. 

Programação do Jubileu 

O Vaticano preparou uma intensa programação para o "Ano Santo". Entre os eventos especiais, haverá um encontro internacional e ecumênico pela paz, com representantes de todas as religiões. Há dias específicos para receber peregrinos de diferentes categorias, como doentes, trabalhadores, empresários, crianças e avós, imigrantes e até influencers. 

Dois grandes eventos são dedicados aos adolescentes e aos jovens. Durante o Jubileu dos adolescentes em abril será canonizado Carlo Acutis, italiano que morreu em 2006, aos 15 anos, com leucemia. Ele é popularmente conhecido como "padroeiro da internet". 

O outro italiano, Pier Giorgio Frassati, será santificado durante a tradicional Jornada Mundial da Juventude, que será o Jubileu dos Jovens, entre julho e agosto de 2025.    

Roma se prepara 

No último ano Roma, se transformou em um canteiro a céu aberto. O número de obras na capital não tem precedentes: 323 intervenções, das quais 205 são definidas como "essenciais e inadiáveis", ou seja, devem estar prontas nos prazos do Jubileu. Nos últimos dias, o prefeito Roberto Gualtieri já inaugurou diversos monumentos restaurados e ruas reformadas. 

Outros tipos de obras não relacionadas ao "Ano Santo" deverão ser concluídas a longo prazo, até uma década, como a construção da estação de metrô na Praça Veneza, bem no centro da cidade. Romanos e peregrinos terão que conviver com os canteiros por mais tempo.

Para as obras relacionadas ao Jubileu, a cidade recebeu um financiamento de aproximadamente € 4,3 bilhões (R$ 28 bilhões), provenientes do governo italiano e de outras ajudas da União Europeia. No entanto, espera-se um lucro de € 16,7 bilhões (cerca de R$ 107 bilhões) com os eventos. 

Mas os romanos estão cansados. As obras deste ano transformaram a cidade em um pesadelo, com estradas e ruas bloqueadas, que tiveram consequência ao trânsito da capital italiana, que já é caótico. 

Segundo estimativas oficiais do Vaticano e da prefeitura de Roma, o fluxo turístico para o Jubileu 2025 crescerá. Entre os 32 milhões de turistas e peregrinos esperados em Roma em 2025, 250 mil devem ser do Brasil.

O consulado do Brasil em Roma elaborou uma cartilha com informações úteis aos brasileiros no Jubileu. O material é distribuído em diversas dioceses do Brasil, agências de viagem, instituições governamentais, e pode também ser encontrado na internet.  

Falta de hospedagem

Além do trânsito e do transporte público, o risco de falta de hospedagem aparece entre os fatores críticos, dada a capacidade atual de Roma de 400 mil camas e a sua ocupação média anual de 66%, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Turísticas (ISNART). Outra questão importante será a segurança, não só ao risco de terrorismo, mas também de pequenos crimes, como os batedores de carteiras. 

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