Ações da Honda se valorizam após anúncio de possível fusão com a Nissan
Como esperado para uma véspera de Natal, os mercados asiáticos permaneceram calmos nesta terça-feira (24), com um volume baixo de negociações, antes dos feriados prolongados. A Bolsa de Valores de Tóquio, entretanto, se destacou pela recuperação dos papéis da fabricante de automóveis Honda, após o anúncio de uma recompra massiva de ações.
As ações da Honda valorizaram 12,2% para 1.432,5 ienes, depois de terem subido mais de 16% durante o pregão. A valorização acontece após o anúncio de uma recompra massiva de ações.
A partir do início de janeiro, a Honda vai recomprar até 23,7% de ações anteriormente emitidas pelo grupo por um valor máximo de 1.100 bilhões de ienes (€ 6,7 bilhões ou mais de R$ 40 bilhões).
A decisão da montadora acontece antes de uma possível fusão com a conterrânea Nissan. Na segunda-feira (23), a Honda abriu negociações com a sua rival em dificuldades, com vista à criação do grupo número três mundial do setor.
As duas empresas japonesas anunciaram a assinatura do protocolo de acordo para uma fusão, em um contexto de dificuldades enfrentadas pelo setor automobilístico, que passa por transformação por causa da descarbonização.
A recompra de ações "foi muito bem recebida" pelos investidores da Honda porque pode "fortalecer os seus rendimentos", através da reavaliação do preço das ações e dos dividendos por ação, mecanicamente inflacionados pela redução do número de ações em circulação, comentou o diário financeiro Nikkei.
As ações da Nissan, por sua vez, subiram 6%, após uma sessão com fortes oscilações. Elas haviam caído 7% na abertura, com os investidores preocupados com os comentários da Honda, de que não tinha a intenção de "salvar" a sua compatriota, altamente endividada.
A fusão com a Honda, um grupo mais sólido, no entanto, parece ter tranquilizado o mercado sobre as perspectivas da Nissan.
A Mitsubishi Motors, que também poderá aderir ao futuro grupo resultante da fusão, terminou o pregão em equilíbrio (-0,06%).
Assim como os mercados de Seul (-0,06%), Sydney (+0,24%) e Jacarta (-0,23%), a Bolsa de Valores de Tóquio teve volumes limitados nesta terça-feira. O índice Nikkei fechou em queda de 0,32%, a 39.036,85 pontos.
Ex-CEO comenta fusão
O ex-presidente do Conselho de Administração do grupo Renault-Nissan, o franco-líbano-brasileiro Carlos Ghosn, criticou a viabilidade de uma fusão entre a Honda e a Nissan. Em uma entrevista online a partir do Líbano, na segunda-feira (23), ele considerou que o projeto "não fazia sentido".
"Do ponto de vista industrial, existem duplicatas por toda parte" entre as duas empresas, disse Carlos Ghosn, observando que a complementaridade era necessária numa fusão, o que segundo ele não havia entre Honda e Nissan. "Se essa fusão acontecer (...) pessoalmente, não creio que tenha sucesso", avaliou.
Carlos Ghosn, que é alvo de processos judiciais no Japão por desvio financeiro, está refugiado no Líbano desde 2019.
Em caso de nascimento de um novo grupo a partir da fusão de Honda e Nissan, a aliança Renault-Nissan-Mitsubishi perde possivelmente dois de seus nomes - já que a Mitsubishi avalia a sua posição nesse processo.
A francesa Renault divulgou um comunicado sobre a fusão Nissan-Honda. A empresa reforça a sua posição como maior acionista da Nissan, com 35,7% das ações. Em um comunicado, o Renault Group afirma que "considerará todas as opções com base no melhor interesse do Grupo e de seus acionistas".
(Com AFP)