Deputado aciona MP contra Derrite por viagens em meio à crise na segurança
O deputado Reis (PT-SP) pediu ao MP-SP que instaure um inquérito civil para investigar viagens feitas pelo secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, em meio à escalada da violência policial no estado.
O que aconteceu
A ação cita uma viagem feita a São Roque, em 5 de dezembro, enquanto acontecia um encontro entre secretários de todo o país em Brasília. Segundo a revista Piauí, Derrite compareceu apenas no fim do primeiro dia do evento.
No documento, o deputado ressalta o aumento da violência policial em São Paulo. "Enquanto está recebendo sua remuneração mensal como Secretário de Estado, a segurança pública em São Paulo encontra-se cada vez pior. Criminalidade crescendo, violência policial aumentando e os cidadãos cada vez mais desprotegidos e preocupados", diz um trecho.
Reis afirma que Derrite violou os princípios da moralidade e da eficiência. "Visto que a situação da Segurança Pública está caótica e o secretário, por sua vez, viaja com amigos quando autorizado a participar de eventos oficiais", escreve o parlamentar.
A Piauí também revelou que o secretário usou um helicóptero Águia para socorrer a mulher grávida de um amigo em setembro. A aeronave pertence à Polícia Militar, comandada por Derrite.
O secretário voltava de Trancoso, na Bahia, onde passou o feriado de 7 de setembro na companhia de amigos. Entre eles estavam o empresário Zeca Romano e a mulher dele, Laila Salomão.
Gestante, Laila se sentiu mal e voou às pressas para São Paulo em um jato particular que pousou em São Roque. De lá, o casal embarcou durante a madrugada no helicóptero Águia 33, prefixo PR-UBI, rumo ao Hospital Israelita Albert Einstein, no Morumbi, zona oeste.
Derrite colocou o helicóptero à disposição dos amigos, segundo a revista. Ele disponibilizou dois pilotos, um médico e um enfermeiro a bordo.
O UOL entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública sobre a representação. Se houver resposta, o texto será atualizado.
Escalada da violência policial
Como o UOL mostrou neste mês, a PM-SP matou uma pessoa a cada dez horas em 2024. O número é mais que o dobro do que o de 2022, ano anterior à gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos).
PM paulista matou 676 pessoas de janeiro a outubro deste ano. Taxa é mais que o dobro dos 331 casos registrados em 2022. No mesmo período do ano passado, primeiro ano da gestão de Tarcísio, foram 407 pessoas mortas por policiais militares.
A PM de São Paulo registrou uma escalada de violência neste mês. Isso inclui um assassinato com tiro pelas costas de um agente de folga, uma criança de 4 anos que morreu ao ser baleada em meio a uma ação policial na Baixada Santista, e um vídeo mostrando um homem sendo jogado de uma ponte em uma abordagem.
Tarcísio moderou o discurso após os episódios de violência. Porém, Derrite segue defendendo publicamente a postura dos policiais. No último dia 13, o secretário disse que os policiais são os "únicos e verdadeiros promotores de direitos humanos".