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Ela trocou trabalho de R$ 300 mil ao ano por faxina nos EUA: 'Aqui é luxo'

Keiny Hughes, 27, é de Belo Horizonte e trabalha nos EUA como faxineira - Reprodução/Instagram
Keiny Hughes, 27, é de Belo Horizonte e trabalha nos EUA como faxineira Imagem: Reprodução/Instagram
do UOL

Do UOL, em São Paulo

22/12/2024 05h30

Há seis anos, a brasileira Keiny Hughes, 27, deixou Belo Horizonte para morar em Massachusetts, nos Estados Unidos. A princípio, seus planos envolviam se casar com o namorado e seguir carreira como designer de moda —sua área de formação.

O relacionamento deu certo, mas seus objetivos de carreira mudaram.

Desde o ano passado, Keiny trocou a área do varejo de luxo, onde faturava cerca de US$ 50 mil (R$ 308 mil, na conversão atual) por ano, para trabalhar como faxineira na empresa da sogra.

Keiny trabalhava em uma loja que vendia artigos luxuosos, como calçados, joias e roupas —chegou a ocupar o cargo de gerente de logística na empresa— e hoje limpa casas de alto padrão nos EUA.

Depois de alguns anos estabilizada, comecei a me preocupar com o meu futuro. Onde eu me via em 10, 20, 30 anos? Queria comprar uma casa, ter galinhas e bodes, vários filhos. Para ter essa vida, eu precisava de tempo.
Keiny Hughes

Ela começou a pensar em trocar de carreira quando viu a chefe, que tinha 20 anos de empresa, ganhando apenas 40% a mais do que uma pessoa que trabalhava no mesmo local há três anos. Aquilo não batia com o que ela procurava: mais tempo e dinheiro.

"Minha sogra trabalha há 39 anos como faxineira aqui, mandou dois filhos para a faculdade sem precisar de empréstimo e tem várias propriedades nos EUA e no Brasil. Era esse tipo de liberdade que eu queria", acrescenta ela, em entrevista ao UOL.

Keiny estudou as possibilidades por seis meses, antes de criar coragem de pedir demissão. Durante esse tempo, ela trabalhava na empresa de varejo nos dias úteis e, aos finais de semanas, limpava casas com os sogros. A ideia era ganhar experiência.

'200 dólares por faxina'

Ela pediu demissão no dia 6 de agosto de 2023. "Hoje fazemos 20 faxinas por semana, cobrando uma média de US$ 200 (R$ 1.200) cada uma."

Ao se juntar aos sogros, Keiny possibilitou que os atendimentos aumentassem e a empresa crescesse. Neste ano, ela já conseguiu substituir 100% a renda que ganhava na empresa apenas com faxina.

"Decidi mudar o posicionamento da empresa para que fossemos vistos como profissionais, e lucrar mais com outros serviços oferecidos", explica ela. Entre eles estão limpezas mais pesadas, como faxina pós-construção e entre troca de inquilinos.

Agora, eles se posicionam como uma empresa de faxina profissional: trabalham uniformizados, têm carro adesivado e levam seus próprios equipamentos. Keiny explica que a profissão nos EUA funciona um pouco diferente de como é vista no Brasil.

'Faxina é luxo'

Por lá, antes de fechar com um cliente, é oferecida uma "limpeza profunda" do imóvel: de cima a baixo, incluindo lustres, dentro do forno, rodapé, exaustor, etc. As faxinas posteriores são uma manutenção dessa primeira.

"Fazemos a cama, tiramos a poeira dos móveis, passamos o aspirador e pano de chão", explica ela.

Em vídeos que produz para as redes sociais, Keiny aparece ensinando a dobrar lençóis e mostra como fazer uma limpeza mais cuidadosa na máquina de lavar louças, por exemplo.

"Como no Brasil, a faxineira aqui é apenas uma pessoa que visita o cliente com frequência para manter a casa limpa e organizada."

Faxina, nos Estados Unidos, é um serviço de luxo e é tratado como tal. Trabalhar com isso é visto de forma mais prática e menos carregada de preconceitos. O foco é no resultado, não no status da profissão. É um serviço essencial e que valorizam bastante.
Keiny Hughes

'Me sinto realizada'

Keiny está mais feliz hoje. "Me sinto realizada, é um trabalho mais braçal, mas eu tenho a oportunidade de expandir e contratar no futuro."

Ela reconhece que perde alguns benefícios ao trabalhar por conta —o que não chega a ser um problema, para ela. "Junto meu próprio dinheiro para uma previdência privada e tenho de administrar meus impostos."

Os ganhos são tempo e qualidade de vida. "Hoje eu trabalho das 8h às 15h, com 15 minutos de locomoção. Antes, eu trabalhava 9 horas por dia e gastava 3 horas de locomoção no total."

Agora eu saio depois do meu marido e chego antes. Consigo manter minha casa organizada, aproveitar meu marido, ter meus hobbies e fazer os meus serviços domésticos sem atrapalhar o tempo livre.
Keiny Hughes

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