Imprensa alemã revela identidade de suposto autor de ataque em feira natalina, um psiquiatra de origem saudita
Horas após o ataque contra uma feira natalina na Alemanha, segue o mistério sobre as motivações do suposto autor das violências. A polícia alemã deteve o motorista que teria atropelado dezenas de pessoas, matando pelo menos quatro, na noite de sexta-feira (20). As mídias revelam detalhes sobre a identidade do homem: um médico psiquiatra de origem saudita.
Foi com uma BMW alugada que o suspeito Taleb A., de 50 anos, avançou sobre frequentadores da feira natalina de Magdebourg, uma cidade de 240 mil habitantes no nordeste da Alemanha, por volta das 19h de sexta-feira (15h em Brasília). Nas redes sociais, imagens mostram o veículo em alta velocidade, atropelando dezenas de pessoas em um trecho de cerca de 400 metros. Outro vídeo mostra o momento em que a polícia bloqueia o carro do suposto agressor e o detém.
Segundo a imprensa local, o motorista seria um homem originário da Arábia Saudita que vive na Alemanha desde 2006 e trabalha como psiquiatra em uma pequena cidade a cerca de 50 quilômetros de Magdebourg. Autoridades alemãs afirmaram que ele agiu sozinho, mas suas motivações ainda não foram reveladas.
Taleb A. teria status de refugiado, uma carteira de residência na Alemanha sem duração determinada e não era conhecido dos serviços de polícia. Sites de notícias alemães apontam que o suposto agressor seria um muçulmano que se tornou islamofóbico.
Uma fonte do governo saudita afirmou às mídias locais ter alertado as autoridades alemãs sobre as opiniões extremistas que o suspeito publicava em sua conta na rede social X. O homem teria criado um site na internet há alguns anos com instruções destinadas a mulheres sauditas interessadas em fugir do regime e encontrar refúgio na Europa.
Mais recentemente, Taleb A. teria publicado nas redes sociais uma mensagem pedindo que a Alemanha fechasse suas fronteiras a imigrantes ilegais, acusando a ex-chanceler Angela Merkel de ter "islamizado a Europa". O psiquiatra também teria demonstrado sua simpatia ao partido Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema direita. Além disso, publicou posts elogiando o controverso advogado Markus Haintz, uma das maiores figuras do movimento antivacinas no país, o ativista islamofóbico britânico Tommy Robinson e o bilionário americano Elon Musk.
Uma criança entre os mortos
O atropelamento deixou ao menos quatro mortos, entre eles, uma criança, e mais de 70 feridos. A tragédia ocorre oito anos após o atentado contra uma feira natalina em Berlim, matando 12 pessoas e ferindo 48. Na época, o ataque foi reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A tragédia choca o país neste que é o primeiro fim de semana de férias de fim de ano. Desde o início da manhã, moradores de Magdebourg se recolhem nos arredores da feira natalina, onde expressam sua incredulidade com o ataque. "Nunca imaginei que isso poderia ocorrer aqui", afirma o engenheiro aposentado Michael Raarig, de 67 anos.
O chanceler alemão Olaf Scholz foi até o local do atropelamento na manhã deste sábado prestar homenagem às vítimas. Vestido de preto, o líder social-democrata deixou flores no pátio da igreja em frente à feira.
Um representante do partido governista, Dirk Wiese, fez um apelo contra conclusões precipitadas sobre o perfil do suposto agressor. "Parece que as coisas são diferentes do que foi suposto no início", afirmou ao jornal Rheinische Post.
A dois meses das eleições legislativas antecipadas, a extrema direita alemã tenta tirar proveito do ataque, em um momento em que a questão imigratória é uma das principais preocupações da população. "Quando isso terá fim?" escreveu na rede social X Alice Weidel, copresidente do AfD. A legenda aparece em segundo lugar nas pesquisas de opinião, com 20% das intenções de voto.
(RFI com agências)